quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Ya sin pásion, yo no sé para qué sirve mi corazón

Cantava ela, esse frágil-forte "anjo errante".

Dos cartazes mais inteligentes na marcha da indignação que participei com toda a família : "desliga a Televisão, liga o cérebro" .

Assim seja. Hoje, em legítima defesa, longe do colossal robótico e retardado mental que numericamente nos desfaz contas à vida, afastado do coelhinho pascal que do chocolatinho branco prometido, vai desnudando de mentira em mentira as amêndoas amargas com que nos vai presenteando, longe do "numéricoignorantepedagógico" que de plano açaimado quer rebentar com a escola pública, longe enfim, do "plante que o João garante" que nem planta, nem garante ainda que seja repolho constitucional.

Longe destes medíocres, desta estardalhada de mediocridade política, destes cavalares comentadores picadoras falantes que nos vão furando tímpanos e paciência.

Sim... com Lhasa, com esse apaixonado pássaro-cristal de coração sensível que a vida levou para outras planuras, mas também com Patrick Watson e os Esmerine na sua homenagem-respiração " Snow day for Lhasa" que serve de fundo ao pequeno vídeo. Enfim, com esse livro de poesia tão rasante de beleza e inspirado em Lhasa " Small Song", de Renata Correia Botelho.

SOON THIS SPACE WILL BE TOO SMALL

ela já o sabia e deixou-nos,

na sua lucidez de pássaro,

várias pistas. recolhi por isso

o mais que pude - chuvas e mares

e a melodia verde da minha casa -

a caminho desta caixa,

que em breve será pequena

para tanta ventania.


junto aqui o meu

ao grande eco das colinas,

morro três vezes até traçar

no coração cansado do mundo

a minha rua. há pouco,

quando a terra começava

a correr-me quente nas veias,

disse devagar as três palavras

e tudo aconteceu exactamente como ela canta.

(Renata Correia Botelho)


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