terça-feira, 12 de maio de 2020

NUM DIA ESPECIAL ...Razões especiais.


Ao fim de dois anos de interregno?! Razões?
Porque sim.
Por brincadeira e afins... que só a mim dizem respeito.


terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

NATÁLIA NUNES "Memórias da Escola Antiga"


"MEMÓRIAS DA ESCOLA ANTIGA" de Natália Nunes recentemente falecida.


De uma excelente escritora hoje falecida, mas vai para anos algo e injustamente esquecida.
Quantos professores o leram? Não sei, mas calculo muito poucos. Quantos alunos das ESE e futuros professores o conhecem? Também não sei, mas é melhor nem saber. Quantas citações em bibliografias especializadas de educação, nomeadamente diários e memórias docentes? Também não sei, mas dá para adivinhar a exiguidade.

 



Um dos primeiros livros comprados com o meu primeiro ordenado de professor ainda nos inícios dos anos 80. Uma das 3 mil cóipias do qual sou feliz proprietário.Hoje esgotado e nada fácil de encontrar. Um livro belíssimo e marcante como o foram o de Maria Carlos Radich, ou  Leonor Arroio Malik, ou Albino Bernardini, para não falar em Sebastião da Gama. Escrita fluente, incisiva, pouco demagógica e se bastante crítica a um ensino patético do Estado Novo, não o foi menos a aventuras e desnortes pedagógicos a partir do 25 dfe Abril. Mais do que um livro de memórias, uma reflexão pedagógica, lúcida e pessoal sobre diversos aspetos da vida escolar, a pedagogia, o ensino, a aprendizagem. Merecia ser reeditado, mas a quem interessará hoje ete tipo de leitura? Talvez a mim o que estou a reler com outra perspetiva diferente dos anos 80, mas com o mesmo encanto. Assim os belos livros.

sábado, 12 de agosto de 2017

FICAS COMIGO? FICAS COMIGO?



Frente ao grande azul só elas caiam fluídas e salgadas
As lágrimas


Ele, na sua inesgotável rotina, nesse dia de som doce felino
Lembrava a minha obreira na sua questão repetida à exaustão
De um Alzheimer como onda mansa e desfeita em vaza maré:
Ficas comigo? Ficas comigo? Ficas comigo? Ficas comigo?


Quantas vezes tem de morrer a minha Mãe
Para a viver em mesma proporção comigo?
Quantas vagas de esvaziamento nela até ao nada
Para o meu preenchimento de tudo d’Ela?


Cada vez mais longe no horizonte este barco lindo de vela panda que ela foi É.
No seu partir de dentro para a sua ilha
De desertonada
Vejo-a acenar


O vento norte traz-me a sua magra e débil mão
Que afagagarra com força a minha
Ouço-lhe o sussurro ténue antes do silêncio líquido
O mesmo de onde d’Ela singrei marinheiro tão gáveo de sonho
Ficas comigo? Ficas comigo? Ficas comigo? Ficas comigo?

Sempre. Sou-te. És-me.

sábado, 24 de dezembro de 2016

NATAL 2016

Para a T...



Por um Natal que já o foi e não ó é. Um Natal recusado vai para anos, apesar do aparafusar das inevitáveis máscaras natalícias. Um Natal sim, profundo, gravado como raízes de sequoia, quando a infância era ser menino de acreditar. Hoje, não mais. Apenas o acreditar que sim pelo menos na nostalgia da memória. Nem ele nasce, mas a gente janta. Depois, os embrulhos, as prendas, o imenso papel que de pouco higiénico perde para o outro. Isto que se tornou o Natal, sorrisos amarelados que nenhum dentista consegue disfarçar, frases feitas que nenhum detergente apaga, mails untosos, ridículos, formatados de antecedência só para acharmos que sim, que nos lembramos, que existimos pelo existir dos outros.

E Ele a rir-se lá nas palhinhas deitado…sabendo a que cheirava a bosta do burrinho e vaquinha do curral onde nasceu. 
























quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Feira do LIvro do Porto...e Vómito






As enormidades, a bestialidade besta de alguém que gasta pobre tinta de uma caneta ou as teclas de um computador. O grau zero da escrita subjacente a um grau abaixo de zero de inteligência, de cultura, de sensibilidade. Nem sequer a neglicência da inteligência, mais a ausência dela. 

Assim o mundo de uma “besta célebre” escrevihaescarrador das letras portuguesas. Vio-o na Feira do Livro do Porto na “tábua de queijos” a assinar os queijinhos para  uma série perfiladas de “La Vache qui rit” , embora vislumbrasse alguns “boeufs melancoliques” certamente a levar o seu queijinho  dedicado à sua dededicada “La Vache qui Ri”. 

E o gajo assinava, assinava, assassinava com aquele sorriso bovino na sua querida paturâge que por acaso era o chão empoeirado da Avenida das Tílias, que de passeio de damas de debout, também de vez em quando serve de piso forrageiro de alimárias. E elas e eles esperavam pacientemente em “bicha” o abate, ou talvez aquele momento supremo e orgásmico de a besta célebre e célere dar o seu urro de prazer: a sua assassinada dedicatória numa página de um dos seus “ramanços”. E as árvores sem terem culpa nenhuma. E os orgasmos também.

E eu, de mãos cheias com Manuel Bandeira da Nova Aguilar, com a “Rosa do Mundo” do Manuel Hermínio, eu, quem nem gosto de “Les Vaches qui rient” , nem de pastores, nem de pastorícia, quase que caí por cima da mesa dos queijos, quase que atropelava aquele prazer todo. E acreditem, era uma desgraça…juro! É 746 páginas do Bandeira, e 1919 de centenas e centenas de poetas, era um morticínio completo: esmagava-os. Mas não ! Desviei-me a tempo. Hoje arrependo-me.

“Feiote” e entradote, um bocadinho já para o abarrigado, num estilo caraterístico de personagem de besta célebre, ou seja, besta, digo "Best".  Digamos que é um “Margarido” rebelado no masculino. Até podia ser um “arouca”, mas não, é ele próprio, um flausino que consegue escrever letras da esquerda para a direita. O que não é mau, nem chaga muito o putativo leitor – e juro-que escrevo putativo no sentido de dicionário-não as graçolas impúdicas e adolescentes, é que não sou o putativo escribaescarrador, confesso. 

Trágica figura esta, que há-de ter mansão “tá a ver”com “picina”, e criado com ou sem libré, e cartão gold, e merda a rodos onde chafurdar, e letras e letras para “ajuntar” num português entre o guna, o azeiteiro, num estilo entre o fajardo, o vendedor de banha da cobra, o psicólogo de sarjeta. E há-de ter leitores, e tem leitores, que não são de bairro, de ruela, mas, de outros “bairros”, ruelas, apartamentos esconsos onde se esconde o lugar comum, a vidinha nem sequer vivida de uma classe média bronca, anémica, culturalmente inapta, que nem uma quadra de Pessoa ou verso de Camões consegue perceber, os leitores de marca areia guarda-sol em praia algarvia, ou de religiosa telenovela, ou ainda de barrigudar sofá. 

Não, não vale a pena recordar Almada, nem sei se o “escribaescarrador” tem mau hálito, ou cheira mal dos pés, mas que escreve mal, escreve, ou melhor, nem escreve. Não sei como é o homem nu, mas a escrever “NUNCA CHEGA A PÓLVORA SECCA E EM TALENTO É PIM-PAM-PUM! “ E completo “ cada bala mata um” …leitor.

Senta-se a gente numa livraria, pega num os dois livros do “artistão “ e lê pérolas destas :
”Sou viciado na inteligência da mulher inteligente. Preciso dela, exijo-a a toda a hora, persigo-a como um cão com fome persegue o osso. Sou obcecado pela mulher inteligente. A mulher inteligente é a criação suprema de Deus. A mulher inteligente é o próprio Deus.” …
ou este diamante lapidado de estupidez, verdadeiro insulto à inteligência nem sequer de um leitor, mas de um passador d’olhos por folhas de papel :
“A mulher inteligente não quer saber da conta bancária, não quer saber da marca do carro, da maquilhagem na cara. A mulher inteligente veste Prada a cada vez que fala, a cada vez que pensa. A mulher inteligente faz do que é um estilo, do que defende uma lei, do que parece uma moda. A mulher inteligente faz do tesão um estado de alma. A mulher inteligente dá-me tesão.Mmmm."

O que é isto? Como é possível ter leitores de uma escrita carcaça putrefacta deste calibre?

Já sei, isto está desenquadrado do todo! Se o todo é a soma das partes, DEUS ME LIVRE DO TODO! Parafraseando o Guerra Junqueiro : “ Ó CRISTO, VEM CÁ ABAIXO…ANIQUILAR ISTO!

E anda um pai a educar um filho para isto, e anda-se nas escolas a ensinar (andar-se-à?) Português e História, e Ciências e “Etc” e de que semente intelectual sai um repolho destes?

Chagas de Cristo venham em minha salvação que em outras não acredito!

O Meu Menino Jesus de Praga, Ó meu Anjinho S. Gabriel, Ó meu S. Jerónimo, Ó minha S. Teresinha do Menino Jesus, livrem-me guardem-me das tentações do pecado, das falas e diabólicas chagas, dos pelos e apelos do “rabudo” escriba, daquele que escreve coisas tão beatíficas, tão originais como: “ Os livros não servem para ser lidos; os livros servem para nos ler” !
Ó serafins, Ó querubins celestiais pegai nas vossas trombetas, os vossos clamores e anunciai às esferas esta frase que é celeste, juntai-lhe esta, que Deus não tem inveja nem se importa:

 “A mulher inteligente é o próprio Deus. A mulher inteligente, suspeito, deve ser mesmo uma forma superior do próprio Deus. Até Deus tem inveja da mulher inteligente. Meu Deus.” , e façam uma cantata, não, uma cantata, não, antes, uma oratória que até o Johannes pai há-de achar a de S. Mateus fraquinha! Deixem lá as Sophia, os Herberto, os O'Neill, os Belo,  a Luisa Neto, o Eça, o Camilo, o Vergílio, a Gabriela...isso já não dá , é realejo! Bom, bom é chagar olhos e juízos, fazendo dos outros burros! Sim, eu sei, há quem goste de ser feito!

E por favor, metam as cunhas ao Criador para o escribaescarragor” não ir para o Purgatório, antes de entrar no Céu, porque o lugar está garantido com as suas leitoras a gritar: Entra! Entra! Entra!, porque isto do “TonY” carretas não é só para alguns! É que de vez em quando, o homem é pornográfico e isso é pecado.
“ E viva a Pornografia de estar Vivo. E Adorar”.

Remato: perdoai-lhe! Nem sabe o que escreve, o que pensa, ou o que sente. Nem sequer é um fingidor, é mais um produto olivícola de recente safra nacional. Que lhe molhe o pão quem quiser e lhe faça bom proveito! Talvez com uma mistura de livros de autoajuda os seus leitores se tornem as pessoas mais felizes do mundo. Laboratórios farmacêuticos, acautelai-vos!

Mas cabe-me perguntar: Sobre a pornografia de estar vivo: que temos nós com as surtidas ao Parque Eduardo VII, ou a Gonçalo Cristóvão de certos pseudo escritores? Ou com os seus sonhos mais Freudianos ou Lacanianos?

Boa pergunta!


 



quarta-feira, 9 de março de 2016

A NÓDOA...



Um dos dias mais felizes da minha vida, da minha vida política em particular. Nem sequer é ódio, é simplesmente desprezo, desprezo profundo.

Demorou a sair , mas saiu, uma nódoa, uma das maiores nódoas da democracia portuguesa. Obtuso, canhestro, inculto quanto baste, sacristão de mofo, aqui e ali quase a lembrar o caquético de S. Comba, a mediocridade típica de político português.

Agora, agora...da nódoa que se limpe a crosta. Quer ficar na História...coitado, ficará, ficará sem dúvida naqueles cantinhos-desvão onde não reza a mesma História, onde devem estar entre outros os Afonsos V, os D.José, os Carmonas, Craveiros e Tomás da História. 

Vinte anos e puxa-se divisas da miséria e pobreza em que se encontra muito do povo português. Povo, esse povo que por razões de fatalismo, de inquietude parola, de pasmo-calaceiro e pasmaceira inculta sempre preferiu os chamados "homns-fortes" mesmo de vozinha de castrato. Órfão de pai simbólico, sempre muito português foi e é. 

E acabou. Vou ali beber uma taça de champanhe e comer bolo-rei. Estou descansado porque sei comer o dito cujo de boca fechada.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Natal 2015

A lavar-me deste fedor natalício que me cerca. Faço higiene anual por esta altura para não deixar morrer o outro que ainda habita em mim. Pode ser por Bach, por João da Cruz, Teresa d'Ávila, ou "Aquele" de Assis que não me larga.
Este ano foi pela Felicidade de Pomar e um conto de Nuno Higino. Tudo grátis, sem um anormal de um pai natal nem "cagaçal" . Foi só o silêncio de perdido encontrado olhar e um não encurtar caminho para o presépio, nem alinhar em "rebanhos ruidosos, festivos" como o Boi do Nuno Higino.








O boi chegará a tempo
do presépio?


O boi vai ao Presépio. O boi é paciente e não tem pressa de chegar. Caminha e pára. Rumina e pára. Rumina erva e rumina distraídas névoas perdidas no caminho. Quando alguém passa muito rápido, o boi não se assusta. Nem fica agitado. Levanta a cabeça. Pára a ouvir a pressa de quem passa depressa. E parado, rumina.

O boi rumina erva, rumina névoas. Rumina pensamentos. Muitos afirmam a pés juntos que o boi não tem pensamentos, mas devem estar enganados. O boi . O boi ouve. O boi sente. O boi come erva, come feno. O boi rumina. O boi caminha lentamente. O boi pára a olhar. É quando pára a olhar que eu acho que ele pensa. Pensa com os olhos parados, a olhar. O olho do boi é um olho grande. E um olho grande vê muitas coisas. Como é que o boi não há-de pensar? Eu digo que pensa. Pensa o que vê. Rumina o que olha. E caminha. De garfada em garfada, de névoa em névoa, de pensamento em pensamento.

Não se pense que por ser assim e não ter pressa, o boi não quer chegar ao Presépio. O boi quer olhar o Menino com os seus olhos grandes. Quer saudar o menino com a narina a mexer, a soltar bafo como uma máquina de fazer quentinho. Se o Presépio for para os que encurtam caminho, então tirem o boi do Presépio porque não vai chegar a tempo. Se o Presépio for só para os muito ágeis, aí então não contem com o boi. Ponham lá a lebre ou a gazela. Mas o boi não.

O boi vê passar os pastores e os rebanhos. Rebanhos ruidosos, festivos. Vê passar os reis magos em montadas rápidas. Fica a olhar o burro no seu andar aos saltinhos. Depois de os ver passar, o boi fica parado a ruminar a distância. «Estou aqui no meio da distância. Sou como uma chuva que não quer chover?» E volta a pensar: «dentro da minha pele retesada parece que não há nada. Sou um vazio que caminha?» Sente-se um despovoado, mais livre do que um deserto. «Se estou despovoado, a liberdade me há-de povoar».

Se calhar, quando chegar, o Menino já é grande e já abandonou o Presépio. Mas o boi continua a caminhar ao seu encontro, a comer feno enquanto olha, a olhar enquanto rumina. O boi não tem pressa. O boi tem tempo. O boi caminha.