segunda-feira, 3 de março de 2008

MARIA GABRIELA LLANSOL

Triste, mas triste do lado de mim onde a tristeza gosta de se afogar. Morreu a Maria Gabriela Llansol. Espero que tenha morrido a escrever, merecia ter morrido a escrever, como o meu Vergílio Ferreira. Reparo agora, lado a lado os dois na estante.

Morreu talvez a maior escritora portuguesa do Século XX- Aquela que não temia a "impostura da Língua". Como alguém belamente disse, se calhar está bem “além das margens e do silêncio ruidoso”. Foi-se MGL, o Augusto, seu companheiro, ficará satisfeito pelo reencontro.

Mas apesar de tudo, a perda de uma voz, amiga-voz, refulgente de espaços de um rosto-voz, melodia ímpar e contínua mistério do escrever sem justificação para o escrito, por possuída por um Falcão no Punho.

Escrita hermética talvez, mas de uma musicalidade, da essência primeira da palavra, de uma riqueza de sonho e fascínio interpretativo como poucas na nossa literatura. Uma escrita (des) construtiva na medida que obrigaca o leitor, o "legente" a construí-la,. fragmentária, que obrigava ao todo! Estou irremediavelmente triste, amante profundo desta voz maravilhosa, desta escrita que me comovia a leste mim.. Vou continuar com ela na sua obra, na leitura, reeleitura, onde ela esteve e esterá sempre presente. Companheira de noites ecoantes de mim, de aconchego quente de invernos chuvosos, a escrita da Gabriela foi sempre e será sempre uma onda que me embala mansamente.

Um beijo pode ser ser dado mais tarde, mesmo que seja na “cena fulgor” , Gabriela.

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