terça-feira, 11 de maio de 2010

VISITA DO PAPA






Saúdo e respeito...mas

Polémico o que aqui escrevo? Talvez. Cristão “progressista”? Porque não, se sei fazer a Palavra com a ajuda de Deus florescer em mim? Memória selectiva? Pois que seja, pois ama quem a tem afectiva, e perdoa que afectivamente ama. Perdoo , mas não esqueço a perseguição sem quartel da Congregação à Teologia de Libertação, as punições canónicas duríssimas a vozes dissonantes e discordantes da Igreja dos Homens, enquanto se escondia vergonhosamente “pecados miseráveis” de filhos da família a bem da união, a a recusa linear e canhestra a mudanças e ao fresco de brisa da pureza evangélica.

É que isto na minha Igreja nem tudo pode ser Hans Kung, existem sempre os Angelo Saldano para contrariar.


Dizem que é de uma grande capacidade intelectual e literato, mesmo com Prada e afins...pois acredito, mas preferia-o simples, despojado, Franciscano de essência.


Não me interessa mesmo nada esta mundanidade, esta diplomacia, este mediatismo, esta “fogueira de vaidades”, estes lenços, camisolas, pagelas, varandas para melhor ver, vozes afinadas, protocolares sorrisos e embevecidos olhares de captação fotográfica, papa-hóstias, paroquianos de guarda-pretoriana, esta realidade de uma Igreja que de tanto querer ser visível , se vai perdendo nos meandros da cegueira do parecer.


Tudo feliz. Eu não. Não foi esta a Oração que o Senhor me ensinou.



Nestes dias de preparação da visita de Sua Santidade... em mim, a visitação sistemática da crucificação do retábulo de Isenheim de Mathias Grunwald, ou a de Albrecht Altdorfer, na sua descarnada e humana imagem do pós suspiro final, depois do apelo ao Pai do “perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”


Nestes dias, a Oração pelo silêncio , pelo meu silêncio no silêncio da voz D’Ele a sussurar em mim. Nestes dias , com S. Francisco , com “O Grande Silêncio” de Philip Gröning e com os Sermões desse místico maravilhoso que tanto vai falando à minha alma, farta de analistas “papais”, picaretas falantes da Igreja, doutrinadores encartados,mesmo Teólogos:

Mestre Eckart

Sorrio ao ler um extracto do seu Q UA D R A G É S I M O S E G U N D O S E R M ÃO : “HAEC DICIT DOMINUS: HONORA PATREM TUUM ETC

“Já disse isto antes, que a casca deve ser partida e o que dentro se encontra sair para fora, pois se quisermos chegar à essência devemos começar por partir a casca. Desta forma, se quisermos nos deparar com a natureza sem véus, toda a semelhança deve ser removida e quanto mais penetrarmos tanto mais chegado estaremos à essência. Quando a alma encontra o Uno, onde tudo é uno, ela permanecerá naquele Uno. Quem é aquele que verdadeiramente reza a Deus? Aquele que procura a honra de Deus em tudo o que existe”


Ou do seu T R I G É S I M O Q UA R T O S E R M Ã O : QUASI STELLA MATUTINA IN MEDIO NEBULAE ET QUASI LUNA PLENA IN DIEBUS SUIS LUCET ET QUASI SOL, REFULGENS, SIC ISTE REFULSIT IN TEMPLO DEI

“Existe uma palavra que não é dita: isto é o anjo, o homem e todos os seres. Existe uma outra palavra, pensada mas não dita, através da qual eu imagino algo. Uma outra palavra ainda existe, não dita e não pensada que nunca aparece mas está eternamente naquele que a diz: ela está para todo o sempre em concepção no Pai que a diz, permanecendo dentro. O intelecto sempre funciona para dentro. Quanto mais subtil e quanto mais espiritual é a coisa, tanto mais forte ela funciona por dentro e quanto mais forte e mais fino for o intelecto, tanto mais está este intelecto unido com aquilo que ele conhece e tanto mais ele se torna uno com tal. Não é o que ocorre com as coisas físicas: tanto mais fortes são, tanto mais operam por fora. A bem aventurança de Deus reside no movimento de trabalho interno do intelect no qual a Palavra está imanente. Ali a alma deve ser uma “palavra auxiliadora”e fazer ser trabalho com Deus e ganhar sua felicidade neste conhecimento auto-contido, ali onde Deus é abençoado.


E porquê este post! Não sei. Talvez o meu Cristo Franciscano que me olha o sugerisse na minha alçma. Não sei.

Porque será que a minha alma não está empolgada?