Passa manso e fluido pelos meus olhos o Douro. Aqui, nesta varanda jardim suspenso do Palácio de Cristal, fixo nele o instante das suas águas serenas, ligeiramente onduladas pela leve brisa marítima que o embala. Arisca, uma lagartixa observa-me agitada, surpresa pela minha intrusão nos raios de sol marotos que lhe lambem o dorso. Olho, invejoso de liberdade de verdadeiro voo uma gaivota rasante e suspensa, enquanto um casal de pombos namorisqueiros, na planura do seu suave e apaixonado “asear”, vem dessedentar-se no fontanário que ritmado e musical expele pelas suas bocas de pedra, fios de fresca água.
E tudo isto é verdade dentro de mim. Apetece que seja, que se prolongue, que aporte cá dentro com amarras de barco em seguro porto. O silêncio, o meu, no silencioso diálogo das coisas em mim. Talvez seja isso o envelhecer, o meu querer envelhecer. Pausadamente, pé ante pé ir no suave declive captando o orvalho das manhãs, colhendo os frutos da tarde, afagando a tímida e trémula luz de nocturnas estrelas.
Suavemente regresso ao meu amigo livro poeta de antiga e esparsa descoberta, agora de íntima e completa leitura. Uma tranquilidade sem remissão cá dentro instalada numa tarde de Sexta - Feira.
Suavemente regresso ao meu amigo livro poeta de antiga e esparsa descoberta, agora de íntima e completa leitura. Uma tranquilidade sem remissão cá dentro instalada numa tarde de Sexta - Feira.