sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Quem me manda a mim gostar de Terror!?

Até a falecida Lucy Ball, se assusta, bolas! É tanta, tanta papelada burocrática, como será tanta, tanta a realizar se esta loucura for avante, que as escolas irão à falência, porque...no meu caso, nem uma fotocópia da minha impressora! Ela recusa-se, falha, empanca! Não gosta, pronto!

Vá lá Sr. Ministra, eu até aceito mais um decretozito, uma portariazita, mas que seja a suspender isto tudo! Juro que se isso acontecer, faço-lhe uma foto hollyoodesca e tudo!

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

DESAFIOS...


Os meus Departamentais colegas, resolveram desafiar-me com a maravilhosa, humorística e inteligente T-Shirt do Latas, sobre a "bajulação coordenatória" do Eu amo o Meu Coordenador que todos os docentes deste país deveriam conhecer.

Ora, desafios dos maravilhosos "sacaninhas" dos meus colegas, não podiam ficar sem resposta, porque tenho que manter "perfil de liderança" e obrigá-los a tutelar "respeitinho é muito lindo!", senão cada reunião com eles é...uma festa, daí estilo estilo Existente Instante, "Esperai aí que já bebeis!", Photo Shop Pro X2, um Lightroom e camisola feita!

Está assim do estilo pró kitsch 2008, mas passa e o Kundera deixa!

Se calhar o seu desafio deu-me uma ideia: propor em Pedagógico "parâmetro avaliativo - " Consegue de forma ergonómica, elegante e adaptada aos modelos da moda internacional, vestir uma T-Shirt do Coordenador", Vou propor como critérios:


1- O docente não veste o fato ( perdão) a T-Shirt que o coordenador lhe quer enfiar

2- O docente veste, mas a barriguita ou nalguita, dificulta a tarefa

3- Veste normalmente a T-Shirt embora não vá em passeios

4- Veste com confiança, audácia, panache à James Dean ,(pronto, pronto, pode ser a Richard Gere) ou Marilyn Monroe, (pronto, outra vez, pode ser à Scarlett Johansson, e como sou homem, também pode à Monica Bellucci) a T- Shirt do Coordenador, não se esquecendo ele, de usar a fragrância "Cacharel Pour CoordonnateurDépartemental" e ela, "Cacharel Amor Amor pour Le Coordonateur"

COORDENADORES DE TODO O MUNDO UNI-VOS ... NA SOLIDARIEDADE PROFISSIONAL COM ELES, OS COORDENADOS! Porque...por eles, nos estenderam a passadeira vermelha!
Já agora, no futuro designado que seja, Coordenador serei, MAS... de em...préstimo!

Já agora...na reunião de Quarta (27), e "à cause des choses", se o nonsense prevalecer, um CD para cada colega com legislação toda arrumadinha, Fichas Ministeriáveis e "Surripiáveis" da Net, Dicas sobre como fazer os Objectivos Individuais, e um Power Point de "serenização" feito por mim em que lhes explicava o que temos, os problemas graves que se podem apresentar perante esta loucura e o que se avizinhará se os loucos continuarem na fantasia da sua loucura, e que terminava assim: ( já gora, desculpam a minha ingenuidade e respeitando todas as outras, a minha forma de luta)

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Graças a deus...Havia Outro


O Prós e Contras,Já muito badalado, demasiado mastigado. Esperar dois dias e aproveitar para ouvir algumas opiniões de não professores: amigos, parentes, e ouvidos à espreita desabafos de café, de restaurante. E não me surpeeendi, nada mesmo. Cá em casa, um Professor e uma Educadora, a mesma sensação, o mesmo fascínio de um discurso, pouco assertivo talvez, dirão intelectualoides de pacotilha, mas eivado de fé, de esperança, de humilde sabedoria e sobretudo de paixão, de amor à causa como poucos.

- Grande Professor, o Velhote!

- Um Prof à “antiga”

- Que sorte os Putos têm , por ter um Prof assim!

- Que genica e vida tinha aquele professor velhote!

- O Homem era mesmo avançado!

- Viu-se que o gajo amava ser Prof!

- Os outros teus colegas é que pareciam velhadas !

- No meio daquela tristeza, salvou-se o tal Arsélio!

- Xi! Uma vergonha! Ainda não percebi nada do que os Profs querem! O Velhote deu uma lição de educação e saber!

Pois é! Na mediocridade geral, no quase nítido nulo que foi o debate, o grande vencedor caseiro e da minha pequena opinião pública, foi o Arsélio!

Onde nele saía interiorizado e verdadeiro, a paixão, a fé no futuro, a auto-crítica, a árvore da sabedoria, a perplexidade, a construção profissional belamente inacabada, a educação elegante e crítica, noutros a ignorância dos assuntos, o comissariado político, a malcriadez, a imberbidade emocional, o atabalhoamente entroncado na raiva , o chavão paupérrimo de camisola, o sono quase parlamentar de uns tantos, os risos entre o forçado e o alarve, o previsível, o viracasaquismo, o sorriso maquiavélico e superior de fila primeira.

Dele , as palavras e o vento que as foi levando, cavalos sem sela em largos descampados de imaginação. Nem precisava de loa idiota da moderadora, nem de tempo extra. Disse, e o que disse teve muita força, para quem o quis compreender por defeito e amor profissional, e teve outro tipo de força em quem não sendo professor, conseguiu perceber que o Arsélio, aveludava as palavras, transmitia-lhes a força, sabia do que falava. Olhava-se para ele e na sua cavalgada, via-se a serenidade de experiência feita, a criança traquina que ainda o habita, o adolescente garboso que não o larga, o jovem felino que abocanhou a profissão, o adulto que não se deixou infantilizar nas malhas do infantil, o velho sábio, que timidamente lhe quer acenar à janela! E tudo integrado, afagado no seu Eu-Profissional.

E falou, dos erros, dos grandes erros dos políticos e com pudor dos nossos, Professores, a brincar ás solidariedadezinhas, ao esperar das “ Lojas Tutela” pronto- a-vestir e a usar,até ao dia em que de tanto calo calcado e em perigo de amputação da dignidade, lá vamos percebemos que caminhar é de cabeça erguida e a pé firme! E falou do costume, do que pedimos por não ter, e de o termos por pedido, para depois, renegarmos o filho que geramos, da nosso constante luto autonómico, que berramos por ter, para quando temos possibilidade de o ter, nos encolhermos órfãos e medrosos de o exercer. E falou da diferenciação pedagógica necessária e deste hipócrita sonho do igualitarismo universal (adorável o “carpinteiro norueguês”), e falou do necessário repensar das reprovações, e da mudança radical dos tempos e do pensamento e dos miúdos e do processo de hominização, que só os fósseis pensam que parou, recusando mesmo os cantos idiotas, reacionários e ressabiados do regresso ao passado ou práticas de aprendizagem do mesmo. Não, não existe no Arsélio o “complexo Maschino”, não senhor! E confessou o erro, os seus erros, e não renegou o passado, e incorporou-o na procura de um novo presente, e disse o mais do que óbvio, que a nossa inteligência docente é superior aos neurónios rarefeitos da politiquice militante, e que nenhuma Reforma nos há-de fazer, porque nós somos a Reforma, e que esteve em todas e que foi à luta, e que é Homem de “ ir à guerra dá e leva”, e que E toda a gente reparou que aceitando o tempo, o Arsélio não lhe permite muita distância, qual tartaruga que sabe que vai “papar” a lebre de cebolada. 60 anos e um homem do seu tempo. Das tecnologias, mas sobretudo, desse amor feito arte que muitos docentes é ensinar! Nem um pingo de desesperança neste homem! Nem um vislumbre de azedume, de desistência. Mesmo respeitando os que o vão fazendo, acredito que o Arsélio deve estar a borrifar-se para as “alterações ao Decreto , qualquer coisa sobre Aposentação. O Homem pareceu-me ter “pilhas duracell” de paixão docente! E isso foi-me recarregando um pouco as minhas, que algo precisadas andam.

Um meu verdadeiro colega! De fibra, de se ver com quantos paus se faz um verdadeiro Professor Português! O Arsélio falou e depois...depois foi bonito vê-lo, num gesto entre a humildade, inteligência e bom-senso, ou talvez o menino dele a sussurar-lhe ao ouvido “ lembras-te quando eras menino e as aulas eram “secas pegadas” ? Abstrai-te e rabisca, rabisca sóis de amarelo intenso, casas gigantes e Pais ainda mais gigantes, e campos e flores”, dizia, O Arsélio baixou a cabeça (quase nunca mais olhou para o palco) e rabiscou, rabiscou! Como menino envergonhado, , resolveu ir dar uma volta, resolveu salta-pocinhas do caraças, ou Arsélio Guardador de Vacas e de Sonhos, procurar ar puro, naquela atmosfera asfixiante. Já não era dali.

Não sei quem ganhou, nem me interessa muito, embora tenha dúvidas se em coisas deste tipo, tenhamos alguma coisa a ganhar, quando nos esqueçemos que o nível cultural que nos devia habitar, não deve nunca descer ao nível da insipiência parola e saloia, dos nossos contestantes, mas ganhou o Arsélio na minha consideração e ternura, e pelo que ouvi e vou ouvindo, dos raros que naquele Prós e Contras ( mas houve Prós?), trouxe alguma dignidade aos Professores, aos olhos dos milhares de leigos que o foram vendo e ouvindo. Também assim se faz uma luta, uma imagem, se quiserem, uma sedução da opinião publica. Pela serenidade, pela categoria, pela elegância, pela solidariedade nas boas práticas docentes. E lembrar-me dos ataques, dos comentários entre o ordinário, o ressabiado, o invejoso dor de corno, de muitos Professores ao prémio deste colega, quando estes sacaninhas se calhar são os mesmos agora, empanzinados de aflição por lhes estar vedado o acesso ao Excelente! Como são invíos os caminhos de Deus, e Estampa-te e vai em frente os dos homens!

Ps: Só para bons entendedores: Não conheço o Arsélio, nunca lhe falei, só o vi de relance uma vez em Aveiro. Como tal, é mesmo admiração. Mas já agora...tenho por sina não ser homem de “cadeias”, nem de contactos via SMS, ( não tenho , nem nunca terei Telemóvel, tal como pó-pó), mas quando o Arsélio se Jubiliar, em Aveiro, ou na Noruega, se eu souber, lá irei, dizer-lhe solidário que é muito bom ter um colega Professor como ele! Maluquices minhas.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Balada de Amor...de um Homem Cansado

Sem forças… Só agora e de há vários dias para trás duas horas de sossego…
A Minha música e a sua penetração nos meus interstícios d’Alma… Minha companheira fiel de nuca abandono!
E todavia…Tristeza irremediável, rochosa, sem fim!

Há dias praticamente sem vocês TODOS! De soslaio, fugidiamente, quase nas esquinas de tempo e disponibilidade, como ladrão afectivo, Pai a fingir sê-lo, Marido de faz-de-conta tendo outra…E quando parece que sim o meu mau humor o meu fel -azedume do meu não ter culpa no vosso não terem culpa!

Mas…uma escola rarefeita de vida, de sonho, de fantasia, de criatividade, de se ser em humanidade, uma escola - floresta de araras, papagaios, catatuas, alguns répteis e ratazanas, obriga-me a ser aventureiro de coisa nenhuma, explorador de nadas burocráticos, de horas infindas, de “fraldiqueirice” militante; uma escola de não alunos, decretada à medida, amedrontada e temerosa por portaria e despacho pouco despachada, que me esgota, esvazia, deprime de não – satisfaz nada nos meus critérios de ser Professor -Educador daquilo que verdadeiramente interessa! Negativa absoluta para esta Escola decretada por cima e bovina e ruminantemente aceite por baixo, por uma classe docente que adora pastar papelada, empanturrar-se de erva legal, onde deveria pastar em largos e verdejantes prados, nem que fosse o da autonomia! Mas não…adoram…até ao matadouro final da sua infelicidade, ou do seu “ burn-out”!
E como ela gosta de bradar mugidos para o ar, lançar impropérios ao vento, que por acaso os leva na aragem do tempo! Por vezes quando os ouço, sempre o “ IS THERE ANYBODY OUT THERE?”

Farto até à medula!

E sem VOCÊS! Sem sentir que estão ali mesmo ao lado! Aspirar-vos o cheiro presente, sentir as vossas vibrações, tactear do olhar como preferirem! Ouvir-vos mesmo no silêncio de mim no vosso silêncio! Olhar-vos de soslaio, de frente, ou de dentro de mim para o dentro de vós!

Nestes dias, mais do que nunca, a noção que pouco mais conta do que VOCÊS! Estais entranhados em mim como raiz de videira! Emaranhado celular único! Cancrozinho que se entranhou e alastra até não sei onde! Amor raio de doença que me vai consumindo, sem quimioterapia possível a não ser o “Amorterapia”!

Esgotado, mas sempre VOCÊS, os meus portos de abrigo! O meu SOS velhice, o meu albergue diurno ou nocturno de me recolher de borla à felicidade!

A minha “acelera-e vai em frente” , a minha lancha salva – vidas, a minha estrela do norte que não me larga, porque algo dentro de mim não a quer largar! Aquela que acelera, nunca travando naquilo que importa, naquilo que conta, arranhando, amassando, partindo vidraria da viatura que tomamos de assalto sem carta de condução vai para dezoito anos! “Sempre em frente na idade, na vida, no Amor” o seu e o meu lema, que garagens e mecânicos há muitos, mas famílias e a ternura de as ter há poucas!
A minha T-AMOR PÉ LIGEIRO NO ACELERADOR!

E falta também da minha “caçoninha” dos seus interiores porquês, a que ninguém responde, seja “chinês” ou dinamarquês” !A minha espinhozinha, cujas erupções cutâneas não são nada, comparadas com os enredos espinhados que vou sentindo na sua alma, nos seus segredos, dúvidas, angústias, que Ela tenta disfarçar tão bem…mal! Horizontes longínquos que procura semicerrando os olhos, mas que teimam em lhe fugir ou enevoar-se! Um pouco naufraga em ilhas de não sabe bem onde! À espera da luz, de um farol que lhe ilumine o sonho , a vontade! E eu, pai babado d’Ela , vou "cinicozinho" ficando feliz com a a sua confusão, o seu desconserto - conserto, a sua alma biorritmica ! Prepara-te Sacaninha-Mundo…Que Grande Mulher te vai fazer frente!

E Saudades d’Ele, o meu cabeludinho, o meu puto giro, por vezes armado em “bigodaça-d’aço” quando o sei sensível como haste de flor! Ali, menino todo do mundo em sensibilidade branco e negro! Olhar terno, sensível-pequenino para as particularidades, texturas, nós das coisas e objectos! Olho clínico d’Alma é o que é o meu Puto! Bom como o “caraças” ser o outro “men” da família! Cada pelito no bigode ( pode ser noutro local!) um foguete na minha festa - alegria de ser o MEU FILHO! Começa a falar para dentro, criando o seu guião interior de crescimento , o seu filme interior, deixando-nos a nós suspensos do que d’ali vai sair! Puto “Hitchcockiano”! E depois os teus pesadelos nocturnos, o teu chamar por mim, “PAI:::AI:::AI:::AI”, voz de eco em desfiladeiro, a sede do sozinho, e eu vou, com um beijo, bússola de orientação, cantil de água fresca, para te acalmar, dessedentar o teu medo e receios e por vezes, sais do medo, murmuras um ensonado” “Hum” e sorris, voltando ao teu sonho, talvez com miúdas, que elas por vezes metem medo! Adoro-te “Babo” da minha vida, porque o “presente” que me deste na primeira vez que te peguei, significa que marcaste território para sempre no teu Ser para o teu “Velhote” ! Vais ser HOMEM-GENTE!

E a minha E, nestes dias só a espaços! Um Tesouro d’arca fechada para mim! Tem estado sol, mas não a ver rir, dançar, abraçar-me é haver chuva e nuvens cá dentro! A mãozinha d’Ela na minha é uma transfusão de vida! Nem preciso de mais! Tenho estado pouco na sua surpresa de estudante, nas suas angústias de não fazer bem, não lhe tenho dado palmas e tenho-me portado como os caracóis da história – lento, pai lento, cansado, acomodado, atarantadinho e palerma quanto ao essencial e o acessório! Alguém deita fora um tesouro? Alguém desperdiça o sol-sorriso radiante do astrozinho saltitante “ELISOL” ?

GANHA JUÍZO e Vê se passas depressa da assinatura





Para a mais carinhosa


segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Receita Para...

Confesso que não consegui. Queria ter conseguido, firmemente ter aguentado olhos castos até ao fim, mas foi-me impossível, insuportável. Abandonei a sala, onde a televisão parecia querer dar-me uma realidade de uma entrevista e de um entrevistado, que a minha inteligência sistematicamente tranformava em náusea virtual. Agora no escritório, na fuga das fugas de Bach, duas minhas fotos a impôr-se para este blogue. Porquê, não sei. Simplesmente gosto da metafórica imagem. Depois...depois dois poemas que são duas jóias de actualidade.

Ah! A receita para fazer um herói, pode ser cozinhada para fazer um político, vários políticos, imensos políticos em Portugal e na Europa, ditadorzecos, travestidos de democratas jurados por honra e mérito. Não, não é demagogia, nem sou de extremos, mas pura e simplesmente livre e democrata.Apesar de gostar deles, dos burros verdadeiros, Burro é que não, apesar de eles nos tentarem fazer passar por, na burrice deles. Como no poema: Já há muitos anos que me são servidos mortos... os políticos. E não me tenho impressionado nada! Gosto da Vida e quem tem vida dentro da vida, só isso.

RECEITA PARA FAZER UM HERÓI

Tome-se um homem,

Feito de nada, como nós,

E em tamanho natural.

Embeba-se-lhe a carne,

Lentamente,

Duma certeza aguda, irracional,

Intensa como o ódio ou como a fome.

Depois, perto do fim,

Agite-se um pendão

E toque-se um clarim.

Serve-se morto.

REINALDO FERREIRA (Poemas)



Ditadores

Os cavalos inclinam as cabeças

e levantam os cascos.

Os ditadores de bronze cavalgam

pelas praças da Europa

cavalgam em silêncio por entre

adoradores do sol e pombas brancas.

Dão de esporas ao tempo, em segredo,

apontam-se uns aos outros

de todos os quadrantes.

Um canto mudo

escorre

de suas faces de bronze.

Dão de esporas ao tempo, em segredo,

como se horas desconhecidas se medissem

por suas longas sombras

E gira a sombra a cada um

no grande quadrante solar da mentira: L´'Histoire.

Gosta Friberg (Tradução de V.G.Moura)





quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Que Deus me perdoe...e a ele o salve!

Por vezes, ser “rato de biblioteca” dá jeito. Então não é que depois de muito vasculhar, vou descobrir que sou possuidor de dois livros do nosso Secretário de Estado Valter Lemos?! Havia tempos que uma comichão estranha , me cocigava o couro cabeludo. Onde? Onde esses dois livros ? Precisava de os ler, de os rever, de os confrontar na actualidade com umas ideias longíquas que deles tinha. E ao lê-los, se ainda restasse em mim algum resquício de dúvida sobre o “crâneo” ( reparem que não disse inteligência) que foi magicando muito do que últimamente tem saído em relação à classe docente, perdi-o!

Um dos livros, é uma obra colectiva , onde participaram para além de Valter Lemos, Anabela Neves, Cristina Campos, José M. Conceição e Vítor Alaiz “ A Nova Avaliação da Aprendizagem – O Direto ao Sucesso “ da Texto Editora, 1992, portanto, 16 anitos. Sendo obra colectiva, pena tenho que os diversos capítulos não tenham identificação do autor (es) dos textos, como tal não consigo identificar o que é da lavra do actual Secretário de Estado. Desde já afirmo que o livro até nem é mau, e os sublinhados que nele fui fazendo provam que alguma utilidade tive na sua leitura, principalmente sobre modalidades e instrumentos de avaliação, á época da Reforma, muito em voga. Mas este livro tem momentos interessantes relativamente à avaliação dos alunos, que com as devidas e cuidadosas extrapolações, fornecerá matéria de reflexão em relação a muito do que hoje se vai comentando em relação à avaliação dos docentes. Vejamos:

Na página 10, na INTRODUÇÃO, lê-se:

“ O Problema que se coloca com a aplicação do novo sistema de avaliação é, antes de mais, um problema de atitude. Depois – só depois! –um problema de condições.

A atitude é algo que temos de construir por nós próprios. As condições, determinadas com a maior objectividade possível,são algo que temos de exigir, mas não apenas às entidades exteriores à escola. Também a nós próprios, à nossa escola, à forma como nela organizamos o ensino que proporcionamos aos nossos alunos.

O Estado centralizado com o qual nos habituamos a viver tem de ser destruído de uma vez por todas. Antes de mais dentro das nossas cabeças.

Não podemos estar à espera da circular XYZ/ME/92 para saber se podemos fazer isto ou aquilo. O enquadramento legal da Reorma e, em particular, da autonomia, está publicado e todos nós, professores, temos uma tarefa as cumprir: ser os garantes do sucesso educativo dos nossos alunos. Façamo-lo! “

LERAM BEM? MAS LERAM MESMO ? Repito, não sei se foi, sua Excª o SE Valter Lemos a escrever este verdadeiro naco de “Chicha” poético-educativa, mas, esta leitura faz-me lembrar “ O que hoje....”!

Na página 77, no capítulo 4.5 “ Critérios e Ética da Avaliação” , alguém escreve que a “aplicabilidade” , a “objectividade” e “clareza”, deveriam presidir aos registos de aproveitamento dos alunos, para mais à frente se afirmar peremptoriamente que em relação a esses registos:

“ ...convirá notar que, tratando-se de um documento escrito, os juízos acerca de um aluno registados num dado momento podem influenciar decisivamente o seu futuro, tanto positiva como negativamente. Correm-se sempré sérios riscos quando se atribui a alguém um determinado perfil pois esse retrato não tem necessariamente de ter validade preditiva, quer quanto aos conhecimentos, quer quanto aos comportamentos futuros .... A emissão de juízos sobre as características ou qualidades de um aluno não pode ser feita de ânimo leve , devendo pois, constituir motivo de reflexão de todos os intervenientes no processo. Se se aceita frequentemente que os p+rofessores estão em posição de fazer juízos sobre o carácter, os conhecimentos e as destrezas pessoais dos alunos, é necessário que os mesmos sejam cautelosos nas conclusões que incluem nos registos, pois é o futuro do aluno que está em jogo...”

Leram bem?! Mas mesmo bem?! Então façam como a nossa miúdagem quando tiram uma positiva: cotovelo para baixo, fechem a mãozinha direita, se canhotos a esquerda, e gritem a plenos pulmões : YES! YES! YES!

Raios me partam, se enquanto transcrevia esta parte, não me enganei várias vezes e em vez de aluno, não me puxava o dedo para a tecla P... ! Ah! Ah! Adoro arqueologia!

O livro seguinte é “ só memo” do SE Valter Lemos . “ O Critério do Sucesso- Técnicas de Avaliação da Aprendizagem”, editado em 1986 pela Texto editora. O livro divide-se em 6 capítulos, indo da “ Avaliação: Teoria e Acção” , passando por “ a Construção E Utilização dos Instrumentos de Avaliação” , “Qualidade dos Testes” , “Tratamento de Resultados de Testes e Questionários” , “A Correcção e Pontuação dos Testes e a Classificação dos Alunos”, para terminar com “ A Utilização dos Dados de Avaliação da Aprendizagem – A Avaliação do Ensino”.

Não sou má língua e novamente o livro tem o seu quê de interesse, todavia quando o adquiri em 91, apenas uma leitura apressada e diagonal , porque ele não veio trazer grande coisa ao que já sabia, e os meus interesses na altura como agora , estavam centrados na diaristica docente, nas histórias de vida, na Psicanálise na Educação, nos ciclos de vida da profissionalidade docente. Assim o “querido” Valter , ficou para trás no pelotão dos livros “aguadeiros”, esperando que os outros cortassem a meta dos meus interesses. Passados dezassete anos, cá chegou à meta, sem carro-vassoura. Que o autor me desculpe, e “ò Maria tra aí o Bufalo! Não há?! Traz Nugget, faz favor!”.

Coisas interessantissimas que tenho à minha frente e que passo a citar sem comentários, pois cada leitor terá a sua dose de inteligência para verificar o que mudou , o que se mantêm graniticamente Valteriano, ou mesmo uma ideia de ...que se transmutou noutras por ínvios caminhos.

“ Sabe-se que as razões do incusesso escolar são múltiplas e se prendem com alguns factores não controláveis pelo professor”

“...Comecemos pelo que não deve ser feito. O professor não deve, nunca, modificar classificações atribuídas, só para se situar em níveis aceitáveis. Isto além de uma questão técnica, é também uma questão deontológica. As classificações finais devem reflectir o nível de aprendizagem atingido pelo aluno, e como tal, o professor não deve modificar nada, só para mostrar um menor ou maior «número de negativas». A ocorrerem modificações elas só poderão resultar de outros factores, como adiante veremos. É importante dizer isto, porque, por vezes, nomeadamente alguns professors menos experientes ou menos preparados, são «induzidos» a alterar classificações, nas reuniões de avaliação, somente pela razão de não quererem mostrar resultados muito fora dos intervalos obtidos pêlos restantes colegas. Isto deve-se a um aspecto de insegurança profissional, que é possível ser ultrapassado.”

E agora para terminar...a última página do livro, na minha óptica a mais extraordinária do mesmo! Leiam , releiam, treleiam, esbugalhem os olhos! Mas afinal ó Hitchcock , haverá outro senhor com o nome Valter Lemos, e eu estou enganado ! Ai! Ai! Por vezes o Verbo é mesmo de encher!

“...Muitas vezes se ouve dizer que, «os programas são grandes demais», «é impossível cumprir tal programa», «os programas não estão adequados ao nível etário dos alunos», «o programa não presta», etc. Tais afirmações escondem muitas vezes, verdades aparentemente óbvias e outras vezes «desculpas de mau pagador», sendo difícil apoiá-las ou contradizê-las por não existir avaliação de programas em Portugal.

Esta avaliação que não se refere ao programa de estudo estritamente dito, mas também ao tipo e qualidade da sua implementação e ao desenvolvimento curricular efectuado a partir dele, é mais do que um problema de cada professor, um problema de cada instituição escolar e da comunidade escolar nacional no seu todo. É um vector fundamental da tal investigação pedagógica que pouco se faz, da tal inovação de que tanto se fala, e da tal avaliação de qualidade e mérito em que se pensa, mas nada se diz.

Não basta saber o nível de insucesso de um determinado ano ou ciclo (quando se sabe), é necessário investigar as razões do mesmo e actuar sobre aquelas em que seja possível introduzir modificações visando o melhoramento. Em certas escolas, após o fim das actividades lectivas, ouvem-se, por vezes, os professores dizer que lhes foi marcado serviço de estatística. Isto é dito com o ar de quem tem, contra a sua vontade, de ir desempenhar mais uma tarefa burocrática que nada lhe diz. Ora, tal trabalho, não deve ser de modo nenhum somente um trabalho de estatística, mas sim um verdadeiro trabalho de investigação, visando a avaliação institucional e programática do ano findo. Saber quantos e quais (se necessário) os alunos que tiveram insucesso e em que disciplinas, quais os níveis de sucesso em cada uma destas, quais os resultados de cada professor e cada grupo, quais os níveis de cumprimento dos programas e as suas razões, qual a taxa de abandono, etc., etc., não serve somente para «saber». Serve para planear a introdução de mudanças que melhorem os resultados.

O objectivo de qualquer organização social tem que ser a melhoria constante do serviço que presta. Na educação é uma obrigação absolutamente prioritária. O tempo que muitos professores passam a conferir bilhetes de identidade e colar selos no momento das matrículas, seria bem mais proveitoso quando utilizado em trabalho visando a investigação e avaliação de programas.

Já não estão em causa aspectos estruturais como a ausência de uma verdadeira carreira profissional motivadora, nem a pouca eficácia de um processo de regulação do sistema escolar, mas, sim somente um pouco de organização durante as férias escolares, de forma a libertar os professores de tarefas administrativas (quando não de limpeza) e a enquadrá-los e organizá-los em equipas tendo em vista a avaliação e a investigação. Não diremos que se passe já para um sistema em que cada professor seja um professor-investigador, mas, que, pelo menos, cada organismo, cada escola, avalie, no fim de cada ano, o trabalho realizado. “

Tenho dito ! Que Deus me perdoe e...a ele o salve! Amen! (E não estou a brincar! O Homem faz parte das minhas orações, pronto!).

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Sudden Waves


Como o João Barroso (sempre, sempre o Matias Alves em cima das coisas importantes para a reflexão-construção-descontrução docente) vou construindo as minhas muralhas, ajudando a construir moínhos , mas as minhas-meus, no colectivo solidário, não as muralhas que a maralha quer que eu construa, nem os moínhos de vento tontos onde alguns querem enredar a classe, nem na histeria histriónica que confunde, stressa e desanima os mais fracos. Jamais! Mas dizia, falta a terceira luta , e essa é a do esconder a cabeça na areia. E gosto da ideia , porque já o afirmei em posts anteriores, não tão explicitamente como o João Barroso: "as reformas pretendem mudar a escola mas na maior parte dos casos é a escola que muda as reformas" e é isso que a idiotia política que nos vai governando não percebe ou não quer perceber, enredada ela própria no equívoco demagógico do poder a qualquer custo.

Assim, para os meus parcos leitores, mais uns minutos dessa resistência pelo silêncio da palavra e da música dessa belíssima mulher e voz de mulher que é June Tabor. (Fotos minhas, as da June e albuns da Net)


SUDDEN WAVES

The waves, there are waves, sudden waves break over me


there are waves, sudden waves over me


there are days when the way that I want is not to be


and I am lost


There are days, broken days,


when the gales we sail have blown


there are waves, sudden waves over me


and the sea carries me on a course that’s not my own


and I’m alone



There are storms, sudden storms


when the form of life is lost


there are waves, sudden waves over me


and it’s chance, not design makes the line my


life has crossed


and I may drown


There are bays, peaceful bays


in the harbour of your hand


where the waves, sudden waves cannot reach


there are days


when the ways of your words can make dry land


and I can stay.



do álbum de June Tabor, ANGEL TIGER, 1992




sábado, 2 de fevereiro de 2008

Apenas Eles...e Graça Morais


Sábado de calmaria. Só eles a importarem. Eles, as maravilhosas áleas, uns pássaros ariscos, e um sol envergonhado que rapidamente se foi, substituído por vento leve, corredio e frio de fim de tarde. Quase sempre em silêncio, quebrado aqui e ali pela minha “Pipi das Trancinhas Largas”, que de saltito em saltito, ia fazendo concorrência às gaivotas e passarada inquieta, que dominava a erva rasa e espaçosa dos Jardins do Palácio de Cristal. Eu e a minha T, fartos dos impostores e da impostura dos dias, a necessitar de purificação, eles, F e M, a precisarem de tirarem o fato surrado de uma escola-tira-tempo, que lhes vai tirando sonho, alegrias, vontades, e num raro silêncio de Palácio de Sábado à tarde, juntos como força regeneradora, que escolhemos ser, desde que somos.

Depois a ajudar ao banho, essa maravilhosa pintura da Graça Morais, patente na Galeria da Biblioteca Almeida Garrett, integrada na colecção da Fundação Paço d’Arcos. 147 obras, entre pintura, desenho e azulejo, realizadas de 1982 a 2007, em que a terra -nossa ou a de Cabo Verde, a fábula, a infância e os brinquedos, mas também os medos, a condição de mulher, ou a imaginação e o sonho, nos fazem reencontrar com o fascínio de um olhar primitivo, quase táctil, de uma arte que se questiona a si própria.

Bebemos a taça toda em silêncio, até porque quase ninguém em toda a galeria. Tão diferente desse tagarelar pedante e estapafúrdio das galerias da moda, aproveitamos. Sorvemos até ao último gole, a emoção - travo que cada obra nos foi apaladando. A minha “Trancinhas” gostou, M saiu com um azul maravilhoso da Graça Morais nos olhos, F, intrigou-o os títulos, a minha T, azulejou-se de amarelo Cabo Verdeano e eu, na frondosa e já nocturna Avenida das Tílias, apenas iluminada pelas luzes amareladas de alguns candeeiros, pareceu-me ver ao fundo, quase como aceno “ As Escolhidas “ (IV). Sorri-lhe.

Faltou-me só fazer a despedida no Guarani, nessa maravilhosa, tórrida e amarela Amazónia da Graça Morais. Não pôde ser! Não iriam ser dezenas de turistas que me iriam estragar o resto do silêncio do dia. Preferimos poiso mais popular e sereno, para repasto do corpo, que d’alma e olhar já bem alimentados estávamos.


Graça Morais,O Interdito Transfigurado,1987