sexta-feira, 9 de agosto de 2013

CATRO...PUZ DO ENSINO PÚBLICO



Hoje no Público. Do colega de Filosofia, Francisco Teixeira. Artigo certeiro, acutilante e que desnuda de forma implacável uma política, uma ideologia, um farsante (será?) que nos saiu na Educação. Diz-se ministro, sê-lo-à para ele e alguns acólitos, que para mim, não pode estar uma "coisa" ou "coiso" se prefererirem nesse Ministério. Mas está, para desgraça da Educação em Portugal e dos Professores e Alunos portugueses em particular.

" (...) Nuno Crato e a política educativa deste governo constituem o que há de mais reacionário nas políticas de educação portuguesa desde abril de 1974" (...)

" A somar a tudo isto, o atual ministro da Educação de Portugal fez da desosnestidade política um estilo,introdizindo nas escolas portuguesas um vírus mortal de desperança e desconfiança." (...)

" fazem dele um hipócrita relapso, matando o mínimo de exemplaridade política que se exige a um ministro, e ainda mais a um ministro de educação." (...)

" e este Ministro da Educação é um caso grandioso de falhanço e asneira." 


" Por último, e de modo mais elementar, Crato é o ministro da Educação que introduziu nas escolas portuguesas, sem um suspiro, o completo desprezo por milhares de professores, pessoas concretas com vinte e trinta anos de serviço, incluindo famílias inteiras, de uma penada, condenadas ao desemprego, à pobreza e ao desespero, depois de uma vida de dedicação aos seus alunos e ao bem público. E tudo em nome de uma ideologia da destruição da Escola Pública, da livre escolha e do livre mercado, como se uma nova revolução cultural darwinista justificasse qualquer morticínio"

Completamente de acordo quanto ao "coveiro", no entanto convêm não esquecer o "agente funerário" e "mestre de cerimónias" da morte da Escola Pública que foi esse portento de vacuidade racional, relacional e educativa que foi a MLR. Repito, são farinha do mesmo saco, ao serviço de interesses e poderes escondidos ( ou nem tanto) no sentido da desarticulação da escola pública, para favorecimento de fortissimos lobbys ligados ao ensino privado e à banca. 
Desculpem , mas é preciso ser ou muito burro, ou políticamente uma aventesma, ou se quiserem, "andar neste mundo por ver andar os outros" para não perceber como aparecem MLR e Crato na Educação!

Crato, foi curioso. De simples professor universitário,  do nada, do nada quase absoluto politicamente. De um livro entre o estúpido, o analfabeto educativo, e da inaninade completa do conhecimento Pedagógico, das idas ao espaço televisivo, primeiro de forma subreptícia, depois abertamente, à "fartazana" até ao enjoo, da adoração boçal, parola, incontinente por falta de reflexão e análise da realidade educativa de muito professor, jornalista, basbaque pseudo financeiro e económico, Crato consegue o conhecimento, a lauda, quase o altar do guru educativo e todavia, no seu  livro - até o título é ridículo -  "Eduquês em discurso direto", já  pairava nas entrelinhas, nas ideias reacionárias, na ideia de escola meritocrática, segregadora, no afundar o Sistema público de Educação,  o que estamos a assistir. 

Para minha  tristeza, muitos colegas não quiseram ver. Uns porque nem o livro leram, mas porque outros nas salas de professores o laudavam, diziam "amém", outros desesperados com a mudança acelerada da escola, dos miúdos e porque o leram assim como quem lê Margarida Rebelo Pinto,  foi paixão à primeira vista sem perceberem o "trompe d'oeil" do discurso, outros no despero de uma MLR canhestra, que odiava os professores , estavam por tudo, mesmo por um Crato que num discurso monocórdico, repetido, de verborreia populista sem qualquer conteúdo pedagógico, didático, ou de conhecimento intrinseco da vida intestina das escolas, ia debitando "asneias sobre asneiras" perante Jornalistas que de educação "um boi não viam", que o olhavam qual serpentes encantadas com o toque aflausinado do homem. 

Hoje, uma delícia ir pela Net e assistir a algumas entrevistas do Crato e fazer uma simples análise de conteúdo a algumas das suas afirmações. Para além de uma falta de cultura gritante ( sabe Matemática e chega!), observa-se rapidamente o gorjeio do "papagaio", a repetição até à nausea de frases feitas, de lugares comuns, das palavras rigor, mérito, exames, mas sempre num contexto ideológico marcado, algumas vezes mesmo, com sabor, substância e cheiro a "Estado Novo". 
Depois, depois... Vá lá, analisem: com a sua grande "experiência de gestor" , com o seu grande serviço à Pátria, é-lhe atribuída a presidência do "TachoPark", Ups, Tagus Pakr. Depois, aquilo que para mim e sem surpresa estaria destinado pelos tais poderes "ocultos" ligados à Educação e ao negócio da Educação, a sua promoção a Ministro. Só isso , e não é pouco! 

Vá, Levanta-te e anda, rebenta com o sistema público de Educação, acentua mais o fosso entre público e privado, entre os ricos e pobres. Qual escola de ascensão social, qual quê? Seleção dos melhores, os outros que se proletarizem ou fiquem no limbo do desemprego, malandros que são. Os professores esses "calaceiros" (novamente é preciso ser pouco arguto, infantilizados por uma profissão que tem esse perigo interno) para não percebermos em partes do discurso "cratense" o desprezo, a desconsideração pelos Professores, mesmo antes de Ministro. É,  MLR odiava-nos, Crato despreza-nos!  O resto sabemos: uma hierarquia submissa e "lambebotista", uns diretores que não são mais do que simples peças na cadeia de transmissão do medo ("eles mandam e nós obedecemos" dizia ontem um energumeno), alguns, auênticos ditatorzecos de trazer por freguesia, uma democracia pseudo democrática nas escolas, e o medo, o medo acrescido do desperero, da impossibilidade de futuro, que leva à aceitação, ao desânimo.

Está fechado o círculo. Resta a legislação futura para considerar avaliações e exames como serviço mínimo para "domar" a minha classe. 

Mas isto que interessa a muitos dos colegas?! Nada! Muitos votaram , votarão nesta política, mesmo que nem saibam muito bem ou nada, sobre o que é a Social Democracia. Votam porque sim, porque ingénuos políticos, reflexivos só de travesseiro, e por vezes, preguiçosos culturalmente. Gosto dos masoquistas, sinceramente! Outros, in - seguros, amorfos, porque não há nada a fazer, lá vão para a outra ponta do "arco do poder", e não há-de demorar a aparecer um bimbo dito do democrático socialismo, a vomitar "postas de pescada" sobre educação, a mostrar o sua simpatia e ignorância sobre a educação, a cantar de sereia,  e muitos colegas de paixão assolapada, lá lhe jurarão voto eterno!Gosto dos "sonhadores tem de ser"!
Não não tenho mau juízo da minha classe, simplesmente é assim! Basta ver numa sala de Professores os silêncios, os estusiasmos (zinhos) histéricos, os que "nada disto iria acontecer" por ingenuidade política que até dói, para perceber muita coisa.

Na gravura fabulosa do Bordalo, basta mudar o rosto.


 Clicar para aumentar