sábado, 24 de novembro de 2007

HUMOR IN...DOCENTE




Quinta, Maia, trezentos e tal colegas de Profissão, JMA, como sempre belíssimo orador, Sábado o dia todo, 8 Horas de Formação, que Coordenador não será favor! Cansaço? Nem tanto!? Curiosidade de tudo, um olhar por vezes amargo, a maioria das vezes profundo e solar sobre tudo isto. Não cair no erro de outros! Caminhar sadio no meu ser Professor! Jamais os tais “burnout” docente, sempre os Burn-In que me acompanham desde o início do fascínio. A serenidade, a calma, a esperança, a necessidade de me desconstruir para a minha reconstrução, para o meu banho de ir indo. O meu ser Professor, sempre atrás, mas sempre da Minha T, e dos Meus F, M e E. O Meu Bach, o meu Ruben A, e o meu Casimiro de Brito, a interporem-se muros sólidos entre a sufocação burocrática docente e a minha disposição interior. Sempre aquela melopeia interior quase infantil desde os vinte e dois, a dançar cá dentro: ouve, observa, lê, mas por Eles, Só por Eles, vale a pena! Essência do teu ser, da tua solaridade docente, neste crepúsculo, neste suave declínio em que só a essencialidade das coisas começa a contar.

O que procuro transmitir aos meus colegas departamentais, nas mensagens que lhes mando todas as semanas via mail, seja num poema, numa música, numa BD, num vídeo. Aqui a partilha de extractos de uma BD que lhes enviei. É sobre estratégias variadas na sala de aula, e porque não, observação das mesmas pelos Coordenadores! Imaginemo-nos escondidos na vinheta, em claramente vista observação! Calha bem, reconforta-me com uns certos parâmetros avaliativos, com uns certos descritores, de levar maiata “porrada” desconstrutiva, neste Sábado que acaba de se ir. Bem procurei nas ministerias grelhas e regulamentares despachos, um bocadinho do estilo “ o docente mostra sentido de humor, utilizando-o a preceito e em doses consideráveis, para tornar a aula agradável e apaixonar a miudagem” ! Para esse bem arranjava eu descritor, mas…nada. Riu-me eu deles e por eles , “castradores de reinos” em gabinetes estupifadados de arredia realidade. Rio-me, gargalho-me na proporção da sua cinzenta, amarfanhada e amortalhada viuvez de vida.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

E por falar da minha M , filha adolescente…ela que não, que nem pensasse, se estava senil, eu, que sim, é um trabalho meu, que me deu, que nos deu a todos os tribalistas, momentos de grande galhofa, principalmente à “caçulinha” , que adorou o retrato capilar e dermatológico da irmã, e que era educativo , porque se em relação a Bocage, a minha filha era letrada por escolar ensino, em relação a Sá de Miranda, “népia” , “nestum”, porque este homem tão desgraçadamente esquecido em vida, o parece também ser depois de finado, porque nas escolas portuguesas, nem vê-lo, nem lê-lo, nem conhecê-lo! Bem me amofino eu junto da minha plateia juvenil do 8º Ano, aquando da curricular matéria do Renascimento em o promocionar quase detergente, quase “dois em um” , como um dos maiores escritores da língua portuguesa, como um mestre inovador da “medida nova” , como um epistolografo de rara estirpe, e riqueza linguística, pouco igualado na nossa Literatura. Confesso que não recebo palmas da plateia, mas o nome lá fica, uns quarteirões atrás da morada sumptuosa de Camões, nem que seja numa plaquinha descorada das suas memórias. Portanto a minha M, cedeu, pela lição gratuita, pelo Sá de Miranda, e pelo humor. Cedeu, mas sem foto actual, apenas e só, uma, de criança, que a não identificasse, pois dificuldades em arranjar jovem louro, belo e de espírito renascentista, ou iconoclasta bocagiano, já ela vai tendo.
Retrato pois da minha filha M, tal como foi exarado para trabalho de Língua Portuguesa (autorizado pela docente, claro!), pelo seu Pai e escrevinhador de horas vagas e vesgas, autor deste blogue.


Poema à Minha Filha M em modo antigo


Estatura Meã …

Cabelo corrido, em linha

Franja a tapar espinha,


Olhos rasgados, vales cavados…

de profundo açor

Olhos meigos de guardar Amor,


O meu nome de cresce e aparece,

Ou como Neruda…M.

Palavra em cujo crescimento amanhece,


Eu, de frente ou de perfil

Carona desenhada a aguarela ou giz,

Sempre senhora do meu nariz,


M. Inês, de Castro não sou,

Queirós de mãe…vendaval que se alevantou,

Vieira de Pai …de ternura me amainou,


M. Sou, com gosto e engenho, sempre hei-de ser,

De um só rosto e uma só Fé, Portuguesa sou

Até morrer…do antes quebrar que torcer


Que Sá de Miranda me perdoe a sina,

Deste rimanço sem rima…

Mas …comigo me desavim,

Neste escrevinhar sem nexo de mim!


terça-feira, 13 de novembro de 2007

Uma Professora...

Como podem ver no meu perfil, sou Professor e dos tais titulados, ministerialmente falando. È curioso, que vai para quase trinta anos de carreira e quase outros tantos de reflexão sobre a minha profissão, o ter agora filhos adolescentes e ser Encarregado de Educação me tenha feito uma confirmação do que se confirmando foi, acerca da minha classe (palavra perigosa). E o que fui constatando e continuo a constatar na docência, é que desejava ardentemente ter visto claramente visto, mais do bom que vou vendo e muito menos do mau que vou enxergando. Talvez, numa postagem futura me dedique mais a esta temática, porque a de agora é do Bom, do Melhor dessa mesma classe, e de uma homenagem a uma docente que recentemente se Jubilou (não gosto do termo reforma, pronto!), que por acaso era Professora da minha filha e que por acaso, a única até hoje, por quem a minha filha chorou e que a marcou profundamente. Homenagem, não como colega de Profissão, mas sim como Pai, que muitas vezes ouviu da filha M. esse sopro de liberdade, de inteligência, de cultura que eram as aulas desta docente.
No Alexandre Herculano do Porto, uma Professora de Filosofia a receber a “ordem de despacho” e pancadinhas oficiais nas costas do estilo, gostamos de a ter ao serviço – Vá lá à sua vida – e uma turma de “putos” adolescentes a comoverem-se na sua ida, no seu partir, e ela a comover-se com Eles, que a guardaram, preciosidade no lado bom do coração. E uma filha descoroçoada de tristeza, quase sentimento de “orfandade” pela sua partida. Sentada no sofá, cabeça enfiada nas pernas, naufraga de perda e já saudade. Ia perder a sua Professora de Filosofia, a única que a marcou, qual ferrete gravado a fogo de afecto, como o tinham sido duas Professoras no 1º Ciclo e uma outra no 2º e 3º Ciclos. Mais ninguém! Como afirma de alguns seus pretéritos Professores, vai-os esquecendo, de outros, quer mesmo esquecê-los e…ela lá saberá porquê! Comovida até ao âmago de uma alma adolescente, e eu comovido nela e por ela, e sei bem porquê, mas não digo! Comovido, mas feliz, pela afectividade sensível e crítica da minha M. e pela Professora de Filosofia que se calhar nem saberá (ou saberá?) que página escreveu no livro interior da minha filha!
Depois de um abraço profundo, consolei-a, apontando-lhes os dez dedos da mão, dando-lhe a entender que chegavam e sobravam para os Professores que me marcaram profundamente ao longo de toda a minha vida de aluno. Sorriu, já sabia, conhecia o nosso código de creditação docente!
Da colega jubilada, apenas um fugidio conhecimento de minutos, nas matrículas de Junho, mas o estilo de aulas de Filosofia contada por M cá na Tribo, daquelas a apetecer, a partir à desfilada do conhecimento e do crescimento, como devem ser as aulas de Filosofia (ou todas?). Do afecto e trato dócil, mas firme com os alunos, a humanidade em pessoa, e sobretudo, a humildade socrática do seu saber filosófico que nada sabia, sabendo muito. Assim uns dias antes, resolvi escrever-lhe uma carta de reconhecimento profundo como Encarregado de Educação, o que talvez possa parecer pouco ortodoxo, mas que em legitima defesa, se foi impondo dentro de mim, quase como “Allegro com Brio” . Aqui vai pois esta carta, como símbolo de homenagem a uma Grande Professora, que de certeza sabe que valeu a pena Ser, e caminhar sempre no caminho nunca atingível de ser quase uma boa Professora, como me ensinou um dos meus primeiros mestres da docência, Sebastião da Gama!

“Ex.ª Sr.ª PROFESSORA: M.C Venho por este meio e à maneira antiga, agradecer-lhe todo o trabalho, empenho e paciência que teve com a minha filha, M. ao longo deste ano e tal que ela teve a sorte de a ter tido como docente! E sobretudo, como Encarregado de Educação quero-lhe manifestar a minha profunda alegria e gratidão por ter a ajudado a M. a crescer, a tornar-se mais consciente, mais crítica, mais reflexiva, mais sensível, mais humana, em suma. E nem podia ser de outra forma, ou não seja a Professora M.C docente de uma das disciplinas/ formas de conhecimento mais fabulosas que conheço – a Filosofia, e a M. adorou e adora Filosofia. E mais…ainda…e não menos importante para mim, como Encarregado de Educação, pelo que a M. sempre me contou: Obrigado por ter transformado as aulas de Filosofia naquilo que elas formam para a M. – Janelas Abertas em Si, para Fora de Si! Espaços de Liberdade de pensar, de beber palavras, transmudando-as em fontes de…, fazendo-a duvidar, ter certezas - incertas, ânsias de saber! As suas aulas, muitas vezes… céus, por onde a minha “Icarozinho” M. voou em liberdade e isso foi bom e isso se calhar, bastou-lhe!
Obrigado pois, por não ter transformado a Filosofia, e sobretudo as suas aulas, em exercícios monódicos, implacáveis e fastidiosos de tédio, de lugares-comuns, de conformismo reaccionário de aceitações, de saberes embalados prontos a serem consumidos! Obrigado por ter sido Humana, Sensível, e ter olhado a M. e os seus alunos, não um número de pauta, ou de ordenação de lista nominal, mas como Mestra, Companheira de jornada!
Tenho pena que se Jubile? Sim e Não! Merece-o sem dúvida e o rastro – lastro que deixou na M., e cá na nossa Tribo, é como cauda de cometa – agarramo-nos nele como sonho, como memória, como coisa boa de guardar no lado bom do nosso coração! Ex.ª Sr.ª Professora M.C, a Sua simpatia, a Sua humanidade, o Seu saber que nada sabia, sabendo bastante, cativou a M. e cativou-nos pela forma de cativar a M.! Agradeço aos deuses, ter sido Professora da Minha Filha, agradeço-lhe comovido por ter sido sobretudo UMA PROFESSORA …SENDO!
Na sua “Jubilação” um muito Obrigado de Júbilo, do Encarregado de Educação da M “

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Porto Menino de Ternas Brincadeiras

















O Pião
Estava assim, que se lhe havia de fazer? Única e irrepetível, a infância de cada um, trampolim do que se é para o que se vai ser, sem nunca deixar de ser o que se foi. Sentia cada vez mais esses momentos de maré-alta a ancorar nele e isso era bom! Da sua infância a aprendizagem da relatividade do que se sabe ou conhece, a recusa do monolitismo interior, a saudade de um tempo real, concreto, que se vai esvaindo, substituído cada vez mais pela virtualidade do tempo, a realidade corpórea dos objectos substituída pela imagem imposta deles, a pureza aqualina das sensações, pela impostura dos sentidos. Brincadeiras de Rua…sim!

A………..anda co…mer! Ouvia o grito voz potente de soprano da mãe a chamá-lo para o almoço ou jantar, aviso da chegada do pai. Distinta a sua voz, apesar de muitas vezes outras maternais vozes rivalizarem com a sua, fossem sopranos , mezzos , ou contraltos. As vozes das mães das ruas do Porto, inconfundíveis! Gritos de ternura, ralho, aflição, mas aconchego quente de toque a recolher! Bastava um grito-chamada de uma e o milagre polifónico acontecia…em espaço de minutos as chamadas repetiam-se. Mas como obedecer, se a sua equipa de menino estava a perder, se a “sameira” estava perto da meta, se a mão certeira daquele dia virava “Vitórias” como quem água-bebe? Brincadeira de menino é coisa séria! Sabia que o inevitável chinelo de pneu, faria o seu safado trabalho, sabia que lá viria a maternal e estafada promessa do logo ou amanhã, não sairia, mas também sabia que, no castigo, muita promessa de mãe não se cumpria! Brincadeiras de rua sim! Por épocas, a maior parte das vezes. A época do pião era intocável, sagrada. Era pião, era pião! Havia no menino de rua do Porto, o respeito devido ao pião de época, jamais ao puto “morcão” que aparecesse com o pião fora de época. O merceeiro João, os soleiros da Rua Cimo da Vila, os comerciantes de ferragens das ruas das Flores, ou do Mouzinho, esforçavam-se por mostrar a sua mercadoria e, gabar a qualidade dos seus piões. Mas menino de rua do Porto sabia a qualidade de pião, ai se sabia! Um ano ou outro, em assembleia magna, lá se decidia que os piões de um lojista eram uma miséria e, boicote aos mesmos! Piões não eram iguais, não senhor! Pareciam iguais, mas não eram! Uns…eram uns “panascas” delambidos, sem garbo no girar, outros de bico rombo, nem giravam, maneavam-se bêbados. O que os esperava era ter uma vida curta. A condenação da miudagem era terrível! Iriam servir de piascas, suprema degradação de um pião! Amochar no centro de um círculo, e levar “quecas e mais quecas”, até serem atingidos na zona vital e racharem ao meio! As piascas também se compravam, mas para poupar o pião “olhinhos da nossa cara”! Quando era a vez do desgraçado amochar, lá ia a piasca para o castigo. Durou pouco este hábito, porque meninos de rua em assembleia da mesma, decidiram eliminar substitutos. Menino que era homem “tinha-os no sítio” e punha o seu belo pião à sorte da pontaria e engenho dos outros! Com que olhos sôfregos e argutos menino de rua do Porto pesquisava os piões nas lojas! Um, dois, cinco, dez em cima do balcão…olhos gulosos no verniz, no bico…e os “pulhas” uma tentação! Desespero do lojista…”rais partam a canalhada, mer…, decidam-se! Julgam que não tenho mais nada que fazer?” Vontade de roubá-los…arriscado! Por fim, aquele luzidio, pouco envernizado, sem rastos de veios na madeira, fatal para um pião e, sobretudo de bico afilado, “ponta-de-lança”. Tinha de ser um pião “ponta-de-lança”! A faniqueira de fio de estore era à parte e ao metro, embora houvesse “artistas” que preferiam corda da cordoaria de Mouzinho da Silveira. O dinheiro, ou tinha sido surripiado do porta-moedas da mãe, ou fruto da transacção de “Vitórias” ou cromos de futebol, quando não o era, para risada geral, do aldrabanço de algum “camelo da mamã” da escola primária. O pião comprado, o pião na mão. O senti-lo, acariciá-lo, sentir-lhe o bico frio, mortífero, as primeiras experiências na terra ou no cimento da rua, a verificação dos buracos em ambos os terrenos para nos certificarmos da esperteza da escolha, que não havia trocas e, prontos para o “quem vai à guerra dá e leva”! O tempo, impiedoso para os piões, mesmo os melhores! No centro do círculo, durante horas eram massacrados com “quecas” terríveis que lhes iam desfigurando a face bojuda primeiro, o corpo esguio depois! Por vezes, nos olhos dos meninos de rua que tinham o seu pião no “mocho” liam-se pensamentos: “vais falhar filho da pu…!” Falha cabrão”! Mas muitas vezes não falhavam, porque havia Grandes-Mestres do Pião, que certeiramente lhe iam tirando meses de vida em tortura lenta. Não por caridade, mas por falta de dinheiro, aos primeiros sinais de velhice, acudia-se ao desgraçado, pintando-o de uma cor ou de várias, mas aquilo era pintura de esconder mazela e, no próximo encontro no terreiro, ao fim de uma hora, até metia dó olhar para ele! Truques para lhe prolongar a vida, menino de rua do Porto sabia muitos, mas a sua morte próxima era inexorável! A parte de cima era cravejada de “punaises”, carapaça amortecedora da violência dos bicos, o bico era afiado em parede de granito ou com lima de ferro, debalde, o tempo e as agruras da vida tinham-lhe traçado o destino…ou o lixo, ou a rachadela libertadora da agonia! Ninguém guardava pião de um ano para o outro, ninguém! Quem guardava pião, só podia jogar “à menina, em lançamento por baixo”! Os meninos de rua do Porto jogavam à “homem”! Mão bem levantada no ar, grito de guerra “ lá vai aço!” e…zás, com estrépito batia no concorrente ou ao lado, mas mesmo aí, eram suficientemente lestos para o enganchar na palma da mão a rodopiar e ainda ir “molhar a sopa” no pião que no chão, depois do primeiro embate, julgava ter escapado de boa! Raramente se falhava, raramente um pião girava de “cu para o ar”, vergonha suprema de um verdadeiro lançador! Fosse a variante do pião amochado a girar, ou imóvel, era com gana, com ardor que se procurava atirar o peão concorrente para fora do círculo, sob pena de quem não o conseguisse ir para o castigo. Meninos de rua do Porto, meninos de pião e faniqueira, iguais nas vergonhas e alegrias. Cada marca-mossa nos piões era sinal de derrotas ou vitórias, mas ao mesmo tempo de se pertencer a uma rua, a um grupo, a uma irmandade. Mesmo no momento supremo que era o do “escacar” de um pião, terrível, pelo vexame do desgraçado dono, durante dois ou três dias, sabia-se que chegaria a vez de cada um. O lançamento, a “queca” no sítio mais sensível -o encaixe do bico, o som abafado de algo a rachar, a madeira a partir-se ao meio e o bico de rosca sem pudor, à mostra, nu, como o metalúrgico o pôs no mundo! Era o afogueamento, ou a cor do branco das paredes, para o infeliz dono, a humilhação suprema de um menino, acentuada pelos gritos de alegria e gozo dos outros que acentuavam ainda mais a ignomínia! Chorava-se de vergonha, de raiva, mas dois ou três dias depois, saboreávamos o lado dos vencedores!

Outras brincadeiras de rua sim! Como chegava, a época do pião partia mansamente, sem alarido, mas logo outra brincadeira se impunha, ligada ás férias, à Volta a Portugal em Bicicleta. Era uma época que eram duas: as das “sameiras-caricas” e as das bicicletas em arame. Mas isso…
© Existente Instante

À laia de Apresentação...

Quase sempre contra os blogues. Apenas aqui e ali, uma olhada fugídia e muitas vezes enfastiada a alguns e chegava. Uns, muitos, penosamente "light", charoposos, cor-de-rosa, outros, não poucos, verborreia intelectual pura, drástica e dramaticamente elípticos, temáticos por estreiteza conceptual, ou exercícios monódicos de pedantismo cultural em alto grau.
E agora, inexplicavelmente, na crise de algumas "vacas magras" da blogosfera, eu, neles, sem grande capacidade para dizer dos porquês. Talvez vontade de me ir contando nas canseiras-afagos do dia-a dia, talvez, no meu suave declínio o ir colocando alguns travões pela linguagem da escrita, lendo-me mesmo que ninguém me leia, porque como a Gabriela , nunca temi a impostura da língua.
Assim, alguns textos sobre tudo ou nada, sofre fractais, sobre instantes existentes, sobre esculturas talhadas a escopo no dentro de mim para sempre. De tudo e de nada, no meu ir sendo nada e tudo.
A ver vamos se estas travagens são suaves ou me estatelo completo no ridículo da coisa.