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segunda-feira, 8 de março de 2010

Mulher...


Por um minuto ainda estou no dia...

Confesso que não gosto lá muito de dias, nem de mulheres que se fazem a dias, por homens que as querem a dias... Gostos!

Ainda a tempo de um enorme poema de Silas Corrêa Leite, um poeta pouco conhecido, mas por mim muito amado.

E se ele quer Joana D'Arc, eu dou, a de Dreyer! Agora eu não dou a minha não!




Receita da verdadeira mulher


Parafraseando Vinicius de Moraes (In Memoriam)

As mulheres belas que me perdoem,
mas
Inteligência é fundamental. É necessário
Que haja qualidade no amor e na flor

Não só a estética vazia, a beleza lambida e mais nada.




Quero a mulher para antes, depois e durante

Não a elegantérrima vestida para consumo de néscios

Ou para a inutilidade do efêmero ou rococó

Mulher porta-jóias que abre a boca e só sai confete de [frivolidades.




É preciso que a mulher reflita por si mesma

Saiba de receitas e açúcares –
De revoluções e ogivas
De lírios selvagens e livros – E de contentezas líricas Porque mulher inteligente tem alto astral e mulher infeliz tem focos mal resolvidos de baixa estima e depressão com neuras.



Eu desejo a mulher-pássaro pelo vôo altivo dela

Não pela cor do rouge de ki-suco com a alma vazia

Quero a mulher que seja ponte, asa e saiba
De Brecht a Bethoven, de Silvia Plath às Minas do Rei Salomão.




Mulher sofisticada e boba com rímel? Deus-me-livre!

Mulher que só tem nádegas e não tem cérebro?

Não: quero mulher de paz e amor, de idéias e de curativos [siderais
Que tenha a temperatura sagracial de trilhas humanas, muito além das lágrimas de liquidificadores.



As mais belas flores são colhidas primeiro

Se a mulher for bonita no conjunto do kit básico alem do sangue [cênico

Terá volume de coxas mas não pode ser vazia de sonhos [impossíveis

Valerá mais pela pensão alimentícia do que pelo pacto secreto de amor e de morte.




Que Vinicius me perdoa a pegajenta confissão

Mas a inteligência no conjunto é essencial

Quero a mulher turbinada na cotação guerrilha

Não a de axilas raspadas mas com pele gessy.




Quero a mulher perfumada na sua essência natural

Que a faz mulher-bandeira, Rita Lee, Heloisa Helena

Não a boneca cobiçada que um brucutu faz andaime
Mas a que tenha passaporte de vivências e grau de lucidez para o que der e vier.




Quero a mulher Joana D´Arc, Leila Diniz, Hilda Hist, Clarice [Lispector
Não a bonitinha mas ordinária
Se tiver ternura, encanto, inteligência e cultura então

Será a receita certa de musa inspiradora e dona do meu [coração.




Beleza não põe a mesa
Inteligência você funda um casal
E cria cósmica descendência.



Mulher inteligente é a minha, naturalmente

Se não fosse minha

Não seria inteligente.




Até porque, certamente

Quem conquista a sedução da gente

É para sempre...



Nunca duvidei um momento ó Silas Corrêa Leite!

E à moda do meu Porto, apetecia-me escrever em código que só Ela entende :

"No VENTO, assopra o meu Búzio...
Em cima do meu coração ...o púzio" !

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

CENTENÁRIO DA REPÚBLICA


Pode ser do tempo, chuvoso, quente e húmido, mas estou aborrecido, “chato” e sobretudo com uma alma conspirativa que resolveu plasmar-se à janela e daqui não quer sair.


Um dia de trabalho em cheio, aulas CEF, Coordenação, corrida à escola para levar a mais pequena , para da parte da tarde, com a prestimosa colaboração de uma simpatiquíssima e activa colega bibliotecária - departamental, fazer a planificação das actividades a desenvolver pelo Departamento ao longo do ano lectivo relativas às comemorações do Centenário da República.


Variadas, interessantes e com alguma criatividade como deve ser, que isto da criatividade vai-se gastando um pouco com a idade. Mas ao longo da semana a pergunta que não me largou: porquê um ano inteiro para comemorar esta data? Porquê tanto aparato, tanta “publicidade” institucional para a comemoração deste acontecimento? Porquê dar-lhe um peso quase tão forte, como o foi as comemorações dos Descobrimentos Portugueses? É que nunca vi tal vontade, tal investimento nas comemorações do 25 de Abril! Assim esta simples questão: Porquê?


Por acaso não sou monárquico, embora não me envergonhe de no ido ano de 1976, num 1º de Maio, ter saído da sede portuense do PPM, na Praça Filipa de Lencastre e me ter aventurado jovem mancebo a desfilar Avenida da Liberdade de bandeira azul nas unhas. Fascínio pelas “comunas livres” e pela personalidade de um Senhor chamado Gonçalo Ribeiro Teles. Assim republicano, mas surpreendido, mesmo confuso, com o ênfase que se quer transmitir a esta data histórica.


Haverá algo que eu desconheça? Estou sem GPS, e neste momento não sei se me vire para Oriente, ou para a Regular, pois perdi um bocado o sentido da coisa. Estou a falar de ruas e trânsito, entenda-se!


Amnésico quase, simbolicamente perdido, diria, procuro compreender, mas ou por cansaço, ou burrice que me vai consumindo, não entendo. Se calhar também não quero entender, paciência!


Bem…vou-me, vou ao “avental” e à “acácia” que se faz tarde. É que tenho o jantar para fazer e preciso dele, depois, enquanto o arroz “amalandra”, vou dar de beber a plantinha que da minha distracção quase mirrava na sua pureza e certeza.


A sério, passados quase 36 anos do 25 de Abril, que o deveria ter sido de abertura de espíritos e mentes, algumas realidades canhestras “Alice no País das Maravilhas” causam-me uma revolta nas entranhas que “deus-me-livre” !


Homenagem a quem destemido, “charutou” determinadas verdades mais do que inconvenientes: Carlos Candal.

Ah! Ia-me esquecendo, adoro a "Opus", mas a Opus 13 do Ludwig e, se tocada pelo Artur Schnabel, então aí consigo perceber algum do secretismo íntimo desse hálito das estátuas que é a música.