terça-feira, 27 de março de 2012

MISÉRIAS E AFINS!

Sobre um determinado Congresso partidário recentemente terminado: Não pude deixar de me lembrar das palavras sábias e duras de Tabucchi na entrevista do Adelino Gomes em 2006 " É uma das maiores desgraças que pairam sobre o mundo moderno. As pessoas que estão no poder, sobretudo, devem pensar que nunca vão morrer. É por essa razão que são tão estúpidas.(...) Mas a nossa sociedade escondeu totalmente a ideia da morte. Em compensação, porém, estamos cheios de cadáveres. É só abrir a televisão. Como pode funcionar bem uma sociedade em que há muitos cadáveres mas não há a ideia da morte?" .
Pois claro...eram tantos, mas tantos!
Calma, porque vai para meses foi o da outra cor e os cadáveres não o eram menos.
Cadavéricos os tais de nome estúpido do "arco do poder"!


Sobre Strauss Kahn : Mais do que doente, um escroque com título e tudo de categoria internacional. A minha paixão... a sua sua "mais do que tudo-nada". Sempre admirei a primeira concubina ou prostituta fiel de cliente regular. Aliás por deficiência de ofício lá fui aprendendo alguma coisa sobre as "
ἑταιρίστριαι / hetairístriai" ou sobre as "alicariae, casoritae, copae,diatrolae, porariae, libtidae, noctunigitae, prosedae, pregrinae, putae, quadrantariae, seratiae, scrotae, vagae," Tantos anos de libertação da Mulher, para existirem estas "anitas" de circo!



Notícia extraordinária de hoje: Os desempregados terão descontos em diversos espetáculos apoiados pela Secretaria de Estado da Cultura.
E se alguns cadáveres fossem dar música à PQOP?!
O medíocre por detrás desta medida: vi-o aprumado, obediente no dito congresso. O exemplo típico português do pseudo intelectual estilo "pato bravo", da mediocridade escriturária de inspiração culinária charutal e bem regada, que a comunicação social promove e faz andar por aí à procura de qualquer viagem a Manaus ou ao poder minorca e secretariado. Uma náusea.



Sobre Lloret de Mar. Crise? Qual Crise? Quase um salário mínimo, ou mais, para uma bosta vomitante, onde abunda o álcool e a droga e por vias travessas umas violações, ou experiências sexuais para esquecer.
O exemplo típico de uma classe média tuga, guna, parola, de muitos pais de salário médio, mas de baixo senso comum e inteligência. Pais retratados às maravilhas nos livros de Javier Urra. Pais infantoculpabilizados, amorfos, de armados ao moderno sendo parolos, de recompensa fácil e materialista, quando não de simpático amor comprado aos filhos, ou de projeção nos seus rebentos da sua falhada vidinha casaleira, desafetiva e coitada.

Um lençol, eu diria, um manto de silêncio curioso envolve este problema. Ou por um jornalismo tímido para não dizer covarde, ou por o tema ser incómodo e estar na base de muito ganha pão de Psis e Pedos do dia, é muito, muito raro ver um artigo, um programa de TV em que se aborde a vergonha de muita educação parental em Portugal. Não, não estou a falar de bairros periféricos, de comunidades minoritárias , ou de miséria material profunda, mas sim de uma certa classe média que todos conhecemos de bem apartamentada ou acarrinhada.

MUITOS , MUITOS FILHOS MANDAM NOS PAIS. E nem sequer me refiro ao "dar-lhes a volta" como eles afirmam, MANDAM MESMO! Os Pais temem-nos, cedem à sua chantagem emocional, quando não de outro tipo! Pais imaturos, demissionários "cagões" que não sabem impor limites, dizer não, projeções adiadas de autoridade, ou pobres simulacros de caixas multibanco, quando não de trintões ou quarentões - adolescentes retardados.
Inverteu-se uma pirâmide estruturante das relações humanas e sociais. Muitos Professores sabem do que escrevo, mais...vão sentindo-o na sala de aula e fora dela, no seu stress profissional.

Iremos pagar tudo isto com língua de palmo, se já não o estamos a pagar com a violência, a solidão mais canina, as doenças mentais a grassar aberta ou subrepticiamente. Os Psiquiatras agradecem, a indústria farmacêutica rejubila.

Como se pode ter 16, 17, 18 ou mais, não trabalhar, ter vinte trinta euros (ou mais, muito mais) por Sexta ou Sábado nocturno, ser bêbado (a) em Cândido dos Reis, Rua da Galeria de Paris, ou Praça Parada Leitão, ( pode ser no Bairro Alto) com "movida", litrosas, Shotices e afins e chegar às tantas da madrugada embriagado a casa ? E repetir e repetir? Como pode um Pai ou uma Mãe ( serão?) alimentar isto? Com que dignidade e papel paternal pode um Pai/Mãe ver um filho embriagado, ou ganzado se preferirem, ou as duas coisas se ainda preferirem mais, hoje, ontem e amanhã? Ou... virar o cu na cama e ressonar?

Pois...sou antiquado, careta! Já sei que não são todos, pois não, são muitos! Esses Pais são bestiais, curtidos, fixes, protótipos, digo mais... autênticos bólides de paternidade. Os outros, estão sujeitos...uma simples bofetada numa mão, ou uma palmada no rabo de um filho e já nem falo numa boa chapada, e lá temos menino traumatizado, futuro impotente, e o Pai ou Mãe autênticos ainda sujeitos a tribunal!

Sociedade miserável!
Declaração de interesses: tenho um filho no 12º que não alinha como ele diz em "atrasadices mentais" Lloretianas, mas que tanto é capaz de ir a um SuperBock Super Rock, como à Festa do Avante e que sonha ( pode ser que se concretize) com o Interrail ao centro da Europa. Não, nunca me chegou bêbado a casa! Talvez entrasse à primeira, duvido muito se entraria à segunda!
Que chatice ter um Pai/Mãe assim?! Pois, mas não há amor sem regras! Eu sei, Ele sabe, Nós sabemos, mas parecem que muitos não sabem. Temos pena!









quarta-feira, 21 de março de 2012

JACQUELINE Du Pré

Os deuses andam avaros. Mais do que isso, entre o magoado e vingativo de serem pouco amados, ou no limite, menos do que o eram noutras épocas. Vai daí resolvem tirar-nos alguma felicidade terrena e levar-nos quem ainda alguma luz-farol consegue luzir na escuridão - cegueira dos tempos. Que deles não devemos precisar que pedra de tempo nos vamos deixando transformar. Lá sim, junto deles, o festim dos sons, a ébrea eteriedade sonora.

Invejosos, cínicos. Foi assim vai para anos com Gould, foi recentemente com Montserrat Figueras, com Leonhardt, como o foi em 87 com Jacqueline du Pré.

Dou por mim a ouvir incessantemente o “cello” marítimo de búzio deste anjo breve que foi Jacqueline du Pré. Tudo reunido, tudo condensado na beleza do arco de Deus. A beleza, a dela, do som interino e uterino do violoncelo, a música que esvoaça brisa breve ou agreste pelo tempo do não tempo hálito de estátuas da música.

Prolongamento de um no outro. O violoncelo é Du Pré e Du Pré é o violoncelo. Não é ela que o agarra, é ele que a afaga, que a afoga, que a envolve. Amor total.

E de súbito apetece-me ouvir uma obra que não tendo nada a ver com Jacqueline, me traz emoção de DuPrè. Op.76 No.2 / Harmonies du soir Op.68 de Jacques Offenbach “Tears for Jacqueline” , aqui por Werner Thomas.

Não percebem os deuses no seu egoísmo. Quanto mais os fazem partir, mais amados os temos por nossos.



sexta-feira, 2 de março de 2012

ALBERTO DE LACERDA LÁGRIMAS ...


Lágrimas catárticas iriam

Unir-nos mais fundo ainda



Lágrimas catárticas descessem


Aos recessos aonde


As palavras não assomam



Lágrimas catárticas iriam

Deixar intacto

Para sempre encantado

O mistério que é nosso

Alberto de Lacerda