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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

FERRAT, Jean outra vez e sempre!



Mas, vamos a coisas sérias, a um homem vertical em tempos de invertebrados. Um Homem íntegro, lutador de uma vida, cuja linguagem de justiça, liberdade, solidariedade, amor, se exprimiu através do poema música, ou da música poema, consubstanciada em canções de uma força, profundidade e beleza como poucas na canção do século XX.


Descriminado, várias vezes barrado na TV francesa ainda nos anos 80, odiado por muitos, mas amado por muitos mais, Ferrat que sempre olhou com desconfiança e contenção para os holofotes da fama, criou uma verdadeira legião de admiradores, de irmãos da mesma causa, de Homens e Mulheres autênticos naquilo que a vida exige de autenticidade, de importância, de dádiva atenta a um mundo que nos é dado como tesouro a preservar e frutificar.



A voz de Jean Ferrat, máscula, belamente timbrada, fazia fluir da melodia palavras cujo sentido sobressaiam como pedras, vento agreste ou de respiro, ave possessa de liberdade.


Meses com a sua música, as suas canções, com os seus discos, principalmente os iniciais da DECCA, ainda descarnados de alguns arranjos sonoros da discografia da Olivi, com dois livros: uma biografia e um estudo musicológico sobre a suas canções. A Biografia de Robert Belleret da editora L'Archipel "Jean Ferrat - Le Chant d'un Révolté" é formidável, esclarecedora, o mais possível rigorosa, arqueológica de uma vida para perceber muito da obra, sem ser intrusiva, "voyeurista", panegírica. O estudo, tese musicológica de Bruno Joubrel " Jean Ferrat - de la Fabrique aux Cimes" é um estudo profundo, um trabalho de pesquisa auditiva e reflexão sobre as canções do "Mestre", como poucos e que constituiu um exemplo de como é possível através da análise técnica e estética e da correspondência entre canção e epoca em que a mesma se insere, trazer mais luz a um artista e uma obra como a de um cantautor como Jean Ferrat.




Assim Ferrat, a voz de Ferrat cá em casa, muitas vezes, como costumam estar Brassens, Brel, Barbara, Gerard Manset, Maxime Le Forestier, companhias constantes nesta bela língua - cultura que tristemente vai sendo sufocada por outros valores e culturas pseudo dominantes .


Ferrat sempre, porque Ferrat é um rio inesgotável, de audição-descoberta, de navegação interior sobre a essência do ser Homem. O mundo precisava de mais cantores, de mais Homens desta extirpe, de vozes como a sua, amplificadas até furar tímpanos e almas neste deserto de ideias, de opções interiores, de "paus-mandados" por "paus-mandantes", de concorrentes humanos aos invertebrados terrestres!



quarta-feira, 31 de março de 2010

FERRAT

Faleceu no dia 13 de Março na pequena vila de Antraigues em Ardeches, ou melhor dizendo, a poucos km no hospital de Aubenas.


Um Homem vertical, avesso ao sucesso mediático, um lutador de e por causas como poucos, um poeta e uma voz resistente que sabia que que “não cantava para passar o tempo”.


Canções de beleza imensa, de melodias largas e refrões inesquecíveis. “Nuit e Brouillard”, “La Montagne” , “Aimer à perdre la Raison”, “Restera-t-il-umn chant d’oiseau”, “Etat d’âme”, “Je Vous Aime” , “Chanson Pour Toi”, são dos maiores legados da música francesa e europeia que se podem ouvir. Toda a semana com Ferrat, com a força de Ferrat, com o rigor e o prumo de vida que soube insuflar e ser a sua.


Toda a semana com Ferrat , este Ferrat que cantava :

(...)“Lou si je meurs là-bas souvenir qu'on oublie

Souviens-t'en quelquefois aux instants de folie
De jeunesse et d'amour et d'éclatante ardeur
Mon sang c'est la fontaine ardente du bonheur
Et sois la plus heureuse étant la plus jolie

O mon unique amour et ma grande folie”

Queria morrer em pé e ao sol. Não sei se sim, mas mesmo deitado morreu em pé, com essa verticalidade, tão necessária à nossa mais profunda consciência de Homens, num mundo que nos quer cada vez mais rastejantes e invertebrados.

Ferrat morreu e um um último raio de sol selou a sua respiração.







Jean Ferrat
Mourir au soleil


Je voudrais mourir debout, dans un champ, au soleil,

Non dans un lit aux draps froissés,
A l'ombre close des volets,
Par où ne vient plus une abeille,
Une abeille ...


Je voudrais mourir debout, dans un bois, au soleil,

Sans entendre tout doucement,
La porte et le chuchotement,
Sans objet des femmes et des vieilles,
Et des vieilles ...


Je voudrais mourir debout, n'importe où, au soleil,

Tu ne serais pas là j'aurais,
Ta main que je pourrais serrer,
La bouche pleine de groseilles,
De groseilles ...