quinta-feira, 21 de abril de 2011

Mar...

Longe desse Algarve "celuliteiro" e pançudo, a paz , a acalmia procurada perto e em tempo chuvoso. Só meu, só nosso, no silêncio de embalo.

Depois, nestes tempos de invertebrados, a procura de verticalidade da humanidade, da inteligência da sensibilidade, da cultura. Na música. Em Amâncio Prada, em Luis Llach, em Ibanez, em Zeca, em Tenco, e sobretudo em Ferrat.

O "Raconte moi la mer" esse hino belíssimo ao que meus olhos lava. Com fotos minhas. Estive para traduzir, mas não...um favor a esse "pauvre" Sarko, e porque o Francês é das línguas mais belas do mundo. Quase educado por ela, a seguir ao Português, assim a quero sempre, a minha segunda língua.




Jean Ferrat

Raconte-moi la mer

Raconte-moi la mer
Dis-moi le goût des algues
Et le bleu et le vert
Qui dansent sur les vagues

La mer c'est l'impossible
C'est le rivage heureux
C'est le matin paisible
Quand on ouvre les yeux
C'est la porte du large
Ouverte à deux battants
C'est la tête en voyage
Vers d'autres continents

C'est voler comme Icare
Au devant du soleil
En fermant sa mémoire
A ce monde cruel
La mer c'est le désir
De ce pays d'amour
Qu'il faudra découvrir
Avant la fin du jour


Raconte-moi la mer
Dis-moi ses aubes pâles
Et le bleu et le vert
Où tombent des étoiles

La mer c'est l'innocence
Du paradis perdu
Le jardin de l'enfance
Où rien ne chante plus
C'est l'écume et le sable
Toujours recommencés
Et la vie est semblable
Au rythme des marées

C'est l'infinie détresse
Des choses qui s'en vont
C'est tout ce qui nous laisse
A la morte saison
La mer c'est le regret
De ce pays d'amour
Que l'on cherche toujours
Et qu'on n'atteint jamais

Raconte-moi la mer
Dis-moi le goût des algues
Et le bleu et le vert
Qui dansent sur les vagues

Povo eu te Pertenço...Mas a minha Vida Não!



Longe …muito longe mesmo de toda esta putrefacção, de todo este cheiro fétido e repugnante de troikas, classe e clientelas políticas e mesmo das massas, desse povo que dizem ser soberano, mas que se prepara em autoflagelação masoquista para ter razões de ser “povinho”, sem ser Zé!


Um povo curioso, já pouco analfabeto, mas que uma triste escola de aprendizagem formal do ler mal, escrever pouco, e contar… só os tostões, ou dívidas, se encarregou de formatar ( que razão tinha Raoul Vaneigem!).


Um povo amorfo, anémico, sempre desejoso de pai por defunto do mesmo, sem espírito crítico, sem capacidade racional de análise, sem memória, de cruzinha em quadradinho de esgota democracia.


Um povo inculto, profundamente inculto, diria mesmo indigente de pensamento crítico à imagem e semelhança do bestiário político que nos tem governado e governará, acolitado por não menores borregos pseudo - intelectuais, asnos culturais jornalísticos, politólogos, ou simples escarradores de esquina que são os comentadores.



Claro que o povo é soberano, seja este que se prepara para manter o escroque magoador das palavras, seja o “Coiso” demente italiano, ou em 34 na Alemanha, o homúnculo doente mental de bigode patético. Massas curiosas, o tal Povo que muitas vezes me faz lembrar a máxima “ Na barba do néscio todos aprendem a rapar”, o tal povo que elege Salazar a figura da História de Portugal e que talvez aceitasse de bom grado outros “cabrõeszares” que tais.


Pois é, Povo, eu pertenço-te, mas como a canção, a minha vida não!


Desde jovem que as “massas” me arrepiam, que na quinta, pouco me atraíram porcos e carneiros, e que assumi que há “povos” no Povo. Agora será muito tarde para mudar!


Espírito pequeno-burguês, inter-classicista, berrarão alguns, furibundos. Que seja! Mas eu sou pequeno-burguês, classicista, que através da pobreza dos meus pais me esfarrapei todo para chegar a esta “pequenez burguesa”, o que já não foi mau, ao contrário de outros que se deram-venderam para chegarem ao estatuto de grandes do mesmo.

Assim, médio por classe ( e que vai pagando certa calaceirice de algum chamado povo pseudo - trabalhador, e a chula-exploração de algum apelidado empresariado e mercado financeiro) por equilíbrio e recusa da falta de cultura e burrice ensimesmada de determinado Povo, mesmo de média classe, mas também por certo nojo larvar pelos inertes que vão preenchendo cabeças de muitos chamados grandes capitalistas.


Depois, para outros, já dei para esse peditório do ópio dos intelectuais.

Cada vez mais longe deste folclore, desta inanidade mental, deste fado nacional. Sei que sou português e porque o sou, mas ninguém me tornará “tuga”, nem “portuguesinho” coça cú, ou de unha no dente!



O refúgio, os refúgios onde posso, onde devo, onde vale a pena apostar. Na minha profissionalidade docente, no companheirismo ao lado de, na construção de ser Pai, no outro, na simplicidade, na atenção às pequenas e decisivas coisas, nos fractais causas das coisas, no olhar sempre tentado de renovação, no poema, no quadro, na música, na canção, no cinema, na cultura (nunca tive receios desta palavra nem a forcei a idiota exegese filosófica), na força viva do palavra, no silêncio preenchido meu e para Ele.


O resto, o resto…quase que me apetecia dizer aquilo que se pressente “ Que se ….”