Comovido, revejo esse episódio de Ler + Ler melhor. Uma voz tão melodiosa, tão serena. Um envelhecer amoroso, com o peso da ternura acumulado (e quem o disse que não é possível?).
Uma voz pequenina, fina, como regato fresco de ribeira, como trino matinal de rouxinol, como silvo de aragem serena em Estio. Uma amor à natureza, ás crianças, à vida que comove, que alenta. Uma arte de envelhecer no amor e com o Amor.
Comovido, mas feliz. Todos os meus filhos cresceram com Ela, com os seus maravilhosos livros. M, ficou o com o seu primeiro nome depois de risadas e risadas de nomes, o de Matilde se nos ter imposto, melodioso, terno, partitura de uma gravidez em alegria maior.
O “Palhaço Verde” o 1º livro a ser oferecido em 89 à minha futura esposa T com dedicatória do “meu terno Circo, para o esplendor do Teu”. O Livro que por Ela e pela Maria Keil, se tornou todo um referencial de como se pode e deve escrever para crianças e para adultos também.
Depois, depois, foram muitos mais, belíssimos de noites de espanto, de sonho, de lágrimas nos olhos do contador para os (s) ouvidores.
Morreu a Matilde Rosa Araújo. Morreu uma escritora daqueles que já não há, ou vão rareando. Morreu uma ternura cá de casa, cá do coração da casa. Ela, a Sophia e a Luísa Dacosta, foram, são, alimentos sensíveis do crescimento da minha miudagem, do nosso crescimento de pais. Claramente à parte no Jardim Especial de literatura infanto-juvenil na nossa estante (não tão pequena como isso) estas três autoras.
Matilde escreveu para crianças como Sebastião da Gama referiu “com mãos purificadas”, com uma inteligência sensível, com um coração tão enormemente aberto à seiva-sangue da vida, que nos deixa nos seus livros um saldo tão profundo de humanidade, de capacidade de abertura à natureza das coisas e do mundo. Como não ficar comovido?
Hoje tantos e tantos livro para crianças, que mais do que para elas, são infantilizações de adultos, escritos não a pensar na essência de uma criança, mas naquilo que o autor pensa que uma criança deve ser, não com atenção ao texto, à pureza e melodia da linguagem, mas sim com ilustrações magníficas a esconder a pobreza do escrito. Por vezes escrevem-se livros não para crianças, mas para “atrasados mentais”, com rimas inenarráveis, com histórias “fantabulásticas”, com o “espreitar d’olho” ao “comercialão” ao fácil do que a criança quer, ou enquadra-se o que se escreve numa fórmula e escrevinha-se a metro, a quilómetro, na procura dos livros se tornarem “ Bestas Céleres”. E tudo vale a pena, tudo numa amálgama soberba de idiotia, do” logo que eles leiam”, todos os meios justificam os fins.
Não, mas mesmo não! Em minha casa não se embarca em “Potes”, sejam do Harry, ou “Aventuras” pastiches mais ou menos bem conseguidos de escritinha escorreita e pobre. Não!
Em minha casa, a nível de literatura infanto-juvenil, quem quiser ler Sophia, Matilde Rosa Araújo, Luísa Dacosta, Irene Lisboa, Sidónio Muralha, Ilse Losa, Torrado, Jorge Letria, Maria Alberta Meneres, Esther de Lemos, Adolfo Simões Muller, Ricardo Alberty, Virgílio Alberto Vieira, Aquilino Ribeiro, José Fanha, Erico Veríssimo, Clarice Lisapector, Cecília Meireles ou Ziraldo, entre alguns mais…virá por bem!
Morreu a Matilde Rosa Araújo, e logo em família vamos todos assistir ao programa que tenho gravado sobre ela. Morreu a Matilde Rosa Araújo, e logo vou ler para todos momentos luminosos dessa escrita tão fractal—sensível, tão arreigadamente raízes, daqueles que ainda conseguem vislumbrar os enigmas doces das coisas.
Matilde Rosa Araújo
"Matide Roja Araúxo”
“Tide roja, Juju”
Uma voz pequenina, fina, como regato fresco de ribeira, como trino matinal de rouxinol, como silvo de aragem serena em Estio. Uma amor à natureza, ás crianças, à vida que comove, que alenta. Uma arte de envelhecer no amor e com o Amor.
Comovido, mas feliz. Todos os meus filhos cresceram com Ela, com os seus maravilhosos livros. M, ficou o com o seu primeiro nome depois de risadas e risadas de nomes, o de Matilde se nos ter imposto, melodioso, terno, partitura de uma gravidez em alegria maior.
O “Palhaço Verde” o 1º livro a ser oferecido em 89 à minha futura esposa T com dedicatória do “meu terno Circo, para o esplendor do Teu”. O Livro que por Ela e pela Maria Keil, se tornou todo um referencial de como se pode e deve escrever para crianças e para adultos também.
Depois, depois, foram muitos mais, belíssimos de noites de espanto, de sonho, de lágrimas nos olhos do contador para os (s) ouvidores.
Morreu a Matilde Rosa Araújo. Morreu uma escritora daqueles que já não há, ou vão rareando. Morreu uma ternura cá de casa, cá do coração da casa. Ela, a Sophia e a Luísa Dacosta, foram, são, alimentos sensíveis do crescimento da minha miudagem, do nosso crescimento de pais. Claramente à parte no Jardim Especial de literatura infanto-juvenil na nossa estante (não tão pequena como isso) estas três autoras.
Matilde escreveu para crianças como Sebastião da Gama referiu “com mãos purificadas”, com uma inteligência sensível, com um coração tão enormemente aberto à seiva-sangue da vida, que nos deixa nos seus livros um saldo tão profundo de humanidade, de capacidade de abertura à natureza das coisas e do mundo. Como não ficar comovido?
Hoje tantos e tantos livro para crianças, que mais do que para elas, são infantilizações de adultos, escritos não a pensar na essência de uma criança, mas naquilo que o autor pensa que uma criança deve ser, não com atenção ao texto, à pureza e melodia da linguagem, mas sim com ilustrações magníficas a esconder a pobreza do escrito. Por vezes escrevem-se livros não para crianças, mas para “atrasados mentais”, com rimas inenarráveis, com histórias “fantabulásticas”, com o “espreitar d’olho” ao “comercialão” ao fácil do que a criança quer, ou enquadra-se o que se escreve numa fórmula e escrevinha-se a metro, a quilómetro, na procura dos livros se tornarem “ Bestas Céleres”. E tudo vale a pena, tudo numa amálgama soberba de idiotia, do” logo que eles leiam”, todos os meios justificam os fins.
Não, mas mesmo não! Em minha casa não se embarca em “Potes”, sejam do Harry, ou “Aventuras” pastiches mais ou menos bem conseguidos de escritinha escorreita e pobre. Não!
Em minha casa, a nível de literatura infanto-juvenil, quem quiser ler Sophia, Matilde Rosa Araújo, Luísa Dacosta, Irene Lisboa, Sidónio Muralha, Ilse Losa, Torrado, Jorge Letria, Maria Alberta Meneres, Esther de Lemos, Adolfo Simões Muller, Ricardo Alberty, Virgílio Alberto Vieira, Aquilino Ribeiro, José Fanha, Erico Veríssimo, Clarice Lisapector, Cecília Meireles ou Ziraldo, entre alguns mais…virá por bem!
Morreu a Matilde Rosa Araújo, e logo em família vamos todos assistir ao programa que tenho gravado sobre ela. Morreu a Matilde Rosa Araújo, e logo vou ler para todos momentos luminosos dessa escrita tão fractal—sensível, tão arreigadamente raízes, daqueles que ainda conseguem vislumbrar os enigmas doces das coisas.
Matilde Rosa Araújo
"Matide Roja Araúxo”
“Tide roja, Juju”