Excelente entrevista de António Sampaio da Nóvoa na Revista do Expresso e contudo a minha surpresa sobre o início da sua resposta à questão sobre os cortes na função pública, os despedimentos e a função pública ser considerada pelo poder o corpo parasitário do sistema:
" Vou dizer uma coisa impopular. Os economistas não percebem nada de nada e nem de economia e usam uma linguagem que ninguém percebe.Maturidades, imparidades, swaps, eurobonds, outlooks negativos..."
Uma coisa impopular, porquê? Toda a gente com dois dedos de testa o sabe! Muitos economistas são perfeitos imbecis, historicamente uma bestas quadradas de conhecimento, e muitos subjugados a escolas e ditames por sua vez vez dominadas pelos grandes interesses económicos e financeiros que dominam o Mundo sejam eles as lógicas espúrias, porcas e miseráveis desses "proxenetas" internacionais que são os Morgan Chase, os Goldman Sachs, o ex Lehman Brother, hoje em parte travestido de Neuberger Investment Management, entre outros.
O grande economista e humanista recentemente falecido, Jose Luis Sampedro bem caraterizou estes pseudo economistas : "Há dois tipos de economistas: os que trabalham para
enriquecer os mais ricos e os que trabalham para empobrecer os pobres" , e ainda muito recentemente faleceu um e português quie se enquadrava como cereja em cima do bolo na segunda categoria.
Claro que Nóvoa sabe isso, como sabe da necessidade de travestir a propaganda, do escurecer o entendimento de coisas simples por nomes pomposos de "seita de iluminados" como muito certeiramente lhe chama Clara Ferreira Alves na dita entrevista.
Mas haverá alguma dúvida a que patrões servia Gaspar, serve a atual Ministra das Finanças ou outros membros do desgoverno? Assim, impopular porquê? Certamente não quereria Nóvoa assumir o papel de cortesão rastieiro, de anão em bicos de pés de alguns colunistas de 6º Feira do Jornal Público, que de Jornalistas apenas o que Fialho escreveu deles, ou de analistas económicos que de economia apenas devem saber do deve e haver do papel higiénico utilizado ou a utilizar, sejam eles Fernandes ou Camilos !
Aqui enquadra-se a minha segunda leitura do excelente artigo do Público de hoje " Quando a Escola deixar de ser uma fábrica de alunos", pois é essa escola que anseio , sonho, uma Escola que permitisse a criatividade, o espírito crítico, a solidariedade, o conhecimento, pois talvez ela contribuisse para o desmascarar dos cretinos, dos perfeitos aldabrões disfarçados de iluminados, dos políticos de meia tigela que nos vão governando. Excelente artigo repito, mas aqui e acolá com algumas surpresas sem resposta, por exemplo:
"Tony Wagner, investigador de
Inovação na Educação no Centro de Tecnologia e Empreendedorismo da Universidade
de Harvard, descreve o que está a ser ensinado aos jovens nas escolas, por
oposição ao que eles deveriam estar a aprender para triunfarem nas suas
carreiras, numa economia global.
Wagner defende que a escola deve
desenvolver sete "competências de sobrevivência" necessárias para que
as crianças possam enfrentar os desafios futuros: pensamento crítico e
capacidade de resolução de problemas, colaboração, agilidade e adaptabilidade,
iniciativa e empreendedorismo, boa comunicação oral e escrita, capacidade de
aceder à informação e analisá-la e, por fim, curiosidade e imaginação."
Diga lá outra vez: "Triunfar na carreira" "estratégias de sobrevivência" ?? Não é estratégias de promoção do indíviduo, da felicidade, mas de sobrevivência, num antagonismo curioso de subserviência da escola ao económico, ao financeiro, à carreira, como se pudesse resumir a escola a isto! Mas Wagner não estará equivocado? É mesmo isto que os mercados querem? Sonhará que os grandes patrões do mundo querem gente com pensamento crítico, imaginação e por aí fora, ou trabalhadores cordatos, subjugados, parafusos de máquinas de faturar bem oleadas? Parece existir em Wagner uma ingenuidade ou desconhecimento histórico do Capitalismo ( ou talvez não, sendo um atual guru do pensamento da escola de futuro nos EUA) que me deixa abismado! Depois, não percebe o senhor Wagner todo o domínio estratégico e ideológico da escola e que o comanda ? Um nome deste calibre não leu, declaradamente não leu Raoul Vaneigem, entre outros desconstrutores da escola como ideologia de estado.
Mais à frente é o nosso João Barroso, paciente, carinhoso, quase paternal com os empregadores; "aquilo que os empregadores hoje valorizam no
estudante - mais do que aquilo que ele sabe - "é a capacidade que ele tem
de aprender coisas novas, de se adaptar às situações, de produzir conhecimento,
de interagir".
Pois é caro Barroso: Aprender o que é trabalhar o maior número de horas semanais da Europa, ter um salário ração, ver-lhe subtraído um direito histórico da defesa dos seus direitos, viver sobre a ameaça cada vez mais desregrada do desemprego selvagem ? Adaptar-se a que situações? A todas aquelas que permitam o lucro, a aplicação em produtos fiinanceiros mafiosos, ao enriquecimento ilítico de uns poucos pelo empobrecimento de milhões? Tinha tanto para explicar ao Sr. Barroso, sobre as coisas novas, a criatividade, a adaptabilidade, a capacidade da interação e a economia global de uma Microsoft, Apple ou Inditex por exemplo, que nem vale a pena. Esta aceitação que "o mundo é assim" nem permite fazer o desenho de criança para o melhorar.
Coisas mesmo muito boas: o extraordinário artigo de António Guerreiro no Ipsilon de 16 de Agosto sobre a meritocracia e as disciplinas Humanísticas! A ler, caro joão Barroso e caro Tony Wagner, a ler!