Pode um arrasto de mala de viagem conter a tristeza infinda
de plataforma de partida?
Que estação sempre terminal de partida alegria se pode
repetir
em férrea cadência?
Que vazio anguloso em mim
Que carruagem de ar
rarefeito se instala
que nenhuma promessa de intercidades de semana sem fim de regresso
me sossega?
Que dor surda de estares não estando
ao ponto dos olhos represa quase não aguentarem?
Custa-me tanto, meu amor,
amar-te de intervalo, de violento e fugidio vento de partida
de postal ilustrado de paisagem que captas estreita janela
da sufocação da chegada que começa logo partida.
Meu amor, gosto mais de te amar de fim de tarde trilho
de líquido horizonte, onde só nós sabemos.
E de repente, o Mário Quintana que tanto amamos, lembras-te?:
“O pássaro pi-i só pode viajar aos pares e por isso e o
símbolo dos enamorados – pois um deles só tem a asa do lado direito e o outro
só tem a asa do lado esquerdo: só bem juntinhos é que podem voar!”
Um comentário:
belíssimo.
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