Passa manso e fluido pelos meus olhos o Douro. Aqui, nesta varanda jardim suspenso do Palácio de Cristal, fixo nele o instante das suas águas serenas, ligeiramente onduladas pela leve brisa marítima que o embala. Arisca, uma lagartixa observa-me agitada, surpresa pela minha intrusão nos raios de sol marotos que lhe lambem o dorso. Olho, invejoso de liberdade de verdadeiro voo uma gaivota rasante e suspensa, enquanto um casal de pombos namorisqueiros, na planura do seu suave e apaixonado “asear”, vem dessedentar-se no fontanário que ritmado e musical expele pelas suas bocas de pedra, fios de fresca água.
E tudo isto é verdade dentro de mim. Apetece que seja, que se prolongue, que aporte cá dentro com amarras de barco em seguro porto. O silêncio, o meu, no silencioso diálogo das coisas em mim. Talvez seja isso o envelhecer, o meu querer envelhecer. Pausadamente, pé ante pé ir no suave declive captando o orvalho das manhãs, colhendo os frutos da tarde, afagando a tímida e trémula luz de nocturnas estrelas.
Suavemente regresso ao meu amigo livro poeta de antiga e esparsa descoberta, agora de íntima e completa leitura. Uma tranquilidade sem remissão cá dentro instalada numa tarde de Sexta - Feira.
Suavemente regresso ao meu amigo livro poeta de antiga e esparsa descoberta, agora de íntima e completa leitura. Uma tranquilidade sem remissão cá dentro instalada numa tarde de Sexta - Feira.
3 comentários:
Cheguei aqui através de "Terrear". Ainda bem. Faz bem encontrar quem pensa e escreve bem o que pensa.
Parabéns. Cá regressarei, persistente.
Jad
Muito bonito... tranquilo... reconfortante.
Beijo
li nestas palavras algo de mt profundo...de uma beleza imensa...a transparencia de uma alma ao escrever suas emoçoes ...lindo de mais parabens.
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