Votei a favor e confesso que não sendo sindicalizado, sempre estive em lutas sindicais, nomeadamente na de 89, em greves de sindicatos variados e na de dois anos atrás, com ameaças de processo disciplinar, na qual outros colegas, hoje muito activos se encolheram. Coisas da vida e curtas memórias, também fazem parte da vida docente.
Excelente o desempenho dos colegas delegados sindicais, conciliando calma , explicação e por vezes legítima indignação. Todos os professores presentes puderam dizer da sua justiça, do seu azedume, das suas preocupações. O colega da Fenprof, lúcido e perspicaz, por calejado nas pelejas sindicais. A explicação óbvia que o não entendimento teria levado a becos sem saída e a situações gravosas de imposição pela força por parte da tutela de um modelo que em algumas escolas já estava em fase adiantada e “papista” de implementação. A chamada de atenção, para outros problemas gravosos que poderão afectar a classe e “pasme-se” o alerta para determinados colegas blogosféricos, que com intuitos mais ou menos escondidos de promoção pessoal, ou ressabiamento de injustiça profissional, têm contribuído para o ataque aos sindicatos e numa pretensa união da classe, dividi-la. Sem citar blogues, o delegado sindical, mostrou quem é blogosfericamente informado, e que “não anda a dormir na forma”.
A minha intervenção em poucas palavras:
- De acordo com o colega quanto a meia dúzia de blogues, inanarráveis nos seus objectivos, no seu âmbito, na sua inanidade de construção de positividade docente, embora encapotados de “frentismo” populista docente. Expliquei ainda o que entendia por “docentes blogues gelatinosos”, ou seja , aqueles cujos autores dizem e afirmam uma coisa, para depois, poucas postagens depois, por informações privadas, ou por reacções, se colocaram do lado de quem “der mais”, que mais “barulho fizer” ou seja do politicamente correcto e maioritário. (Uma reflexão minha, irónica: prefiro o meu e de outros colegas Professores, mais ternos e açucarados, que se há-de fazer?).
- Que é necessário (re)centrar a luta e a negociação nos temas já citados:
- Revisão do ECD até onde for possível, embora dissesse que no meu mundo de realidade, acreditasse que a anulação da divisão da carreira , seria impossível conhecendo-se o poder e a inflexibilidade por vezes bem anti-democrática da maioria. Talvez fosse possível aos Sindicatos esgrimir em Tribunal, o erro da inconstitucionalidade detectada pelo Tribunal Constitucional da impossibilidade de concurso para Titular de professores dispensados de funções lectivas, por razões de saúde. Não sendo possível, sugerir nas negociações a abertura de concursos para titulares para os colegas dos antigos 7-8-9º Escalões, nos dois próximos anos. Esperemos que seja o meu mundo de sonho a vencer!
- Na Avaliação de Desempenho, e na impossibilidade do modelo actual ser modificado, simplificar ainda mais as fichas existentes, e sobretudo negociar com o Ministério, a não necessidade de Observação de aulas, a não ser por pedido dos colegas, por avaliação negativa ou Excelente. Colocar em debate a possibilidade de dados de avaliação através de Porte-Digi ou Web fólio. Que muito do que acontecer no próximo ano lectivo com este modelo de avaliação, se deverá a solidariedades docentes a nível de Escola , de Departamentos, tornando uma avaliação “punitiva” em formativa, ou seja, temos obrigação de responder ao Ministério da forma que sempre fizemos: somos nós docentes que faremos a Reforma e não a Reforma que nos há-de fazer!
- Apesar da promulgação presidencial, lutar contra o modelo de gestão que aí vem, porque se crítico acérrimo do modelo actual de gestão, e adepto de um gestão personalizada e profissional das escolas, não posso aceitar que se imponha um modelo claramente inconstitucionasl, porque vai de forma inequívoca contra a Lei de Bases do sistema Educativo.
- Que exista um amplo debate e porque não a revogação do 3/2008, que está tão esquecido pelos docentes, que só quando a realidade do próximo ano lectivo lhes pesar é que vão lê-lo e aí, sem possibilidade de o discutir.
- Lutar pela ida para o lixo da História da Educação em Portugal dessa aberração legislativa que é o Novo Estatuto do Aluno. Frisei na reunião, do ridículo da actualização de um RI, segundo as permissas desta lei e que a Plataforma parece ter esquecido este ponto.
Fora destes assuntos, da necessidade de continuar a ter a opinião pública do nosso lado, no momento actual do perigo das auto-mutilações com formas de luta inoportunas, desajustadas no tempo, na forma, ou mesmo estapafúrdio-radicais , que conseguíssem unir Poder e População contra os Professores. E que era necessário deixarmo-nos das vacuidades das frases estilo “ queremos ser avaliados, não temos medo de ser avaliados” para passar a calar os nossos críticos com propostas concretas e credíveis de “COMO QUEREREMOS SER AVALIADOS”. Lançamento de um amplo debate sobre formas de avaliação docente, dar conhecimento dessas propostas na comunicação social e fazer propostas concretas ao Poder, na avaliação final do sistema de avaliação em Julho de 2009.
Não referi , mas poderia ter referido da necessidade da Plataforma pressionar no sentido premente de formação docente em áreas como Supervisão Pedagógica, Educação para a Diferença, Indisciplina em Meio Escolar.
Não referi , mas poderia ter referido relativamente ao modelo de gestão que se avizinha, pelo meu “feeling” 70 a 80% dos Presidentes dos CE se irão candidatar a Directores e que era “giro” nenhum Professor se candidatar ao malfadado Conselho Geral. Não o disse, porque farto-me de rir interiormente só de o pensar! É, quem me conhece sabe, e já o afirmei alto e solenemente que a mim ninguém me verá a beber de qualquer destes dois “copos”! Daqui a uns tempos, alguns colegas hoje tão lutadores, estarão de boquinhas ansiosas para beber da aguinha da “fonte das bicas” e nem por copo vai ser, mas de mãos abertas( Ah! Já sei, na altura com a desculpa que é para não ficar um vazio docente no órgão, ou que será em defesa da classe, e blá, e blá).
E prometo, nunca mais falar sobre isto, porque sei onde devo centrar a minha luta, a minha garra, o meu espaço de liberdade, a minha solidariedade, o meu crescer profissional. E aí vai “bomba”, é que apesar de cansado, de burocraticamente usado pelo poder, ele não me cavalgará nunca, pelo contrário vai-me dando forças para resistir!
Não me vou embora, quero continuar, e a Reforma bem pode esperar “reformada”. O Poder, o Estado, os Políticos podem não me merecer, mas merecem-me na medida em que eu os mereço, alguns colegas “compagnons de route” ,esta maravilhosa Profissão e sobretudo os meus Alunos, razão de ser máxima do meu ser Profissional. Em 15 anos tanto político, tanto inútil social há-de passar pelas pontes, mas se Deus quiser, eu hei-de permanecer, apesar das varizes, dos sulcos lavrados do rosto, das canseiras do dia a dia.
É que tenho ainda milhões de sorrisos para receber e dar, outros milhões de bons-dias joviais e adolescentes a afagar-me as manhãs, uns milhões de posts de colegas deliciosos a ler, uma horas de trabalho de Pigmaleão a fazer, ou pelo menos da satisfação do meu complexo de Pigmaleão a realizar.
Tenham paciência... a aturem-me mais uns anitos.
8 comentários:
Alinho com o teu pensamento. Sublinho:
deixarmo-nos das vacuidades das frases estilo “ queremos ser avaliados, não temos medo de ser avaliados” para passar a calar os nossos críticos com propostas concretas e credíveis de “COMO QUEREREMOS SER AVALIADOS”.
E continua... Claro!Os teus alunos agradecem! E eu também.
Subscrevo na totalidade as suas palavras.
Obrigada pela lucidez.
Já estava a ficar triste com alguns bloguistas...
Só quem tenha andado distraído desde 98 pode dizer o que tenho ouvido nos últimos dias.
Andei à sua procura, Existente Instante. E aqui o encontrei e o conheci pelos Olhos. E pelas Palavras. Você é um Professor Feliz, que é a melhor coisa que se pode desejar. Apesar de tudo o que está mal. Mas serão Professores como Você, Existente Instante, que um dia serão lembrados por Pais que foram seus alunos, quando eles falarem de Escola e Professores. Também lhe mando o meu sorriso. Não é maravilhoso (tenho um dente torto) mas é para juntar a esses todos, recebidos e a receber. Até sempre. Carmo Cruz
PS. Ah, apesar de aposentada, subscrevo praticamente todas as suas convicções.
Existente Instante, como não posso comunicar consigo de outra forma, tenho que voltar aqui, pois receio que não vá verificar se há mais comentários ao texto sobre a sua Árvore. Meu Deus, como Você tem palavras novas! Não admira que a sua Trancinhas seja já capaz de definir tão bem a Primavera! Parabéns! E quando me voltar a apetecer dizer" Eu preciso de palavras novas,/ porque estas com que falo e comunico/, estão velhas, sujas e cansadas", hei-de lembrar-me de si.
Isto é apenas a entrada de um lamento, quando um dia achei que as palavras já não diziam nada.Felizmente, recuperei-as, voltei a encontrá-las. Que nunca as perca são os meus votos, Existente Instante
Carmo Cruz
Carmo,
não sei se chegará a ler estas linhas, mas são breves e apenas para lhe dizer que fico feliz pelas palavras que deixou ao nosso amigo E.I.( ele merece e eu gosto de ver os meus amigos serem elogiados) e que também gostei do que connosco tem partilhado no blog do Matias Alves. Quanta "frescura" nas suas palavras! (Apesar de se apresentar como "aposentada" - velhos são os trapos, não é?).
Um sorriso também para si.
Caro Raul,
eu penso que devo estar a quebrar alguma regra bloguista em estar a responder-lhe por este meio. Mas como resistir às suas palavras amáveis e ao seu maravilhoso sorriso? Que me perdoe o Existente Instante (que nome feliz!) mas tenho que lhe dizer obrigada. Eu sou aposentada porque, quando ainda nos pedíamos aposentar com 36 anos de serviço, eu nem dei por isso e só me aposentei com 41 anos, 8 meses e 20 dias. E com 60 de idade, claro. Mas sou uma jovem Professora ainda, ninguém se iluda com a minha provecta idade (adoro este cliché) que uso com muito prazer só para ter 50% de desconto nas viagens de Metro e da CP... A TAP ainda não alinhou. Se quiser o meu e-mail, por favor peça-o ao JMA. Não vou agora pô-lo aqui, não seria correcto.E, embora seja um tanto temerária (não confundir com destemida nem com temorosa...) parece-me que, de momento, não será aconselhável. Raul, mais uma vez, obrigada. E "Keep smiling". Um abraço da Carmo
Cara Carmo,
realmente não sei se estamos a quebrar alguma regra bloguista - mas as regras são feitas para as pessoas e não as pessoas para as regras - e o E.I. não se importa que utilizemos a sua "casa" para trocarmos sorrisos.
E pedirei o seu mail ao JMA. Pessoas como a Carmo não podem ficar de fora das nossas rotas.
"Carpe diem"
Qual quê?
Palácio de Cristal, o meu Blogue!
Ai...mais humildade...Casebre de Pobre de porta sempre aberta a ternura sentida dos amigos, mesmo virtuais!
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