Acampado no marítimo de mim...e daqui não saio daqui ninguém me tira.
Ao berreiro, à histeria, ao tagalerar inconsequente, esta acalmia de afago interior que só ele me dá nas horas de namoro que temos. Amar a mar.
Sussurro constante este marítimo ramalhar,
rebentar suave e contínuo em alva espuma.
Diáfano ar, linha de horizonte cortada, franja ténue de nevoeiro opalino,
Leve brisa fresca, mar de chumbo, ar zincado, barcos vultos seminaufragados...
Intransponível espessura de mim a abrir-se em vagas de calmaria...
Duas gaivotas, aceno de asas em adeus, rápidas, breves,
rasgam o silêncio dominante,
Desaparecem...
Retornam, fixam-me !
Sorrio-lhes no seu voo rasante.
Reconheço-as no seu olhar límpido e ávido de liberdade,
Fui eu que as ensinei a voar.
Quero acompanhá-las,
mas uma voz de terna quietude e marítimo silencio, diz-me não.
Que sossegue... que deixe crescer raízes nestes grãos de areia
e emocionado as observe.
Fímbria faixa de luz atravessa as marítimas águas
- Estrada de claridade recta de prata.
Percorrê-la, aéreo, plenitude de mim até onde mar e sol se fundem...
Entrar onde verbo e pensar percam o sentido,
Renascer inteiro de luz, sal e brisa!
(Existente Instante)
4 comentários:
Já há algum tempo que não aparecia nada de novo ...
Belas palavras ... com belos sentidos. Falhou a um desafio meu.
convido-o a visitar Vida Suspensa
Acabei de "pendurar" mais uns quadros nesta exposição, quando chegou a sua mensagem. O filme adorei, assim como a banda sonora.
Também gostei do seu poema.O mar é uma fonte de vida.Obrigada por ter aceite o convite.
"Acampado" há mais de oito dias?
Convido-o a assomar-se à Vida Suspensa, não para ler, nem para ver, mas para ouvir...
Agradeço as belas palavras que escreveu no meu blogue. Guardá-las-ei ...
Estou sempre à espera de "ver" o que os seus olhos sentem.
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