quarta-feira, 14 de novembro de 2007

E por falar da minha M , filha adolescente…ela que não, que nem pensasse, se estava senil, eu, que sim, é um trabalho meu, que me deu, que nos deu a todos os tribalistas, momentos de grande galhofa, principalmente à “caçulinha” , que adorou o retrato capilar e dermatológico da irmã, e que era educativo , porque se em relação a Bocage, a minha filha era letrada por escolar ensino, em relação a Sá de Miranda, “népia” , “nestum”, porque este homem tão desgraçadamente esquecido em vida, o parece também ser depois de finado, porque nas escolas portuguesas, nem vê-lo, nem lê-lo, nem conhecê-lo! Bem me amofino eu junto da minha plateia juvenil do 8º Ano, aquando da curricular matéria do Renascimento em o promocionar quase detergente, quase “dois em um” , como um dos maiores escritores da língua portuguesa, como um mestre inovador da “medida nova” , como um epistolografo de rara estirpe, e riqueza linguística, pouco igualado na nossa Literatura. Confesso que não recebo palmas da plateia, mas o nome lá fica, uns quarteirões atrás da morada sumptuosa de Camões, nem que seja numa plaquinha descorada das suas memórias. Portanto a minha M, cedeu, pela lição gratuita, pelo Sá de Miranda, e pelo humor. Cedeu, mas sem foto actual, apenas e só, uma, de criança, que a não identificasse, pois dificuldades em arranjar jovem louro, belo e de espírito renascentista, ou iconoclasta bocagiano, já ela vai tendo.
Retrato pois da minha filha M, tal como foi exarado para trabalho de Língua Portuguesa (autorizado pela docente, claro!), pelo seu Pai e escrevinhador de horas vagas e vesgas, autor deste blogue.


Poema à Minha Filha M em modo antigo


Estatura Meã …

Cabelo corrido, em linha

Franja a tapar espinha,


Olhos rasgados, vales cavados…

de profundo açor

Olhos meigos de guardar Amor,


O meu nome de cresce e aparece,

Ou como Neruda…M.

Palavra em cujo crescimento amanhece,


Eu, de frente ou de perfil

Carona desenhada a aguarela ou giz,

Sempre senhora do meu nariz,


M. Inês, de Castro não sou,

Queirós de mãe…vendaval que se alevantou,

Vieira de Pai …de ternura me amainou,


M. Sou, com gosto e engenho, sempre hei-de ser,

De um só rosto e uma só Fé, Portuguesa sou

Até morrer…do antes quebrar que torcer


Que Sá de Miranda me perdoe a sina,

Deste rimanço sem rima…

Mas …comigo me desavim,

Neste escrevinhar sem nexo de mim!


Nenhum comentário: