Depois, madrugada fora, com um quente Russian Earl Grey" deixar esse sabor bom da emoção aninhar-se cá dentro sem pedir meças, aspirar essa sensação tímida e grandiosa ao mesmo tempo de plenitude, de reencontro com aquele de mim que por vezes arredio por fugido e distraído se confunde com um outro que também vou sendo. Talvez envelhecer seja isso...a corrida mais compassada de um meu eu mais sensato , mais terno, mais verdadeiro, a tentar apanhar o outro mais gaiato, mais apressado, mais eterno.Lá chegarei mais trôpego, mais enrugado, mais humano à meta da junção dos dois. Sem impaciência, sem medo, sem remorsos.O meu suave declive.
Reflexões sobre uma Jóia
MÃE E FILHO,Aleksandr Sokurov
Silêncio e solidão;
Plano, planos, fruição visual da imagem
O sopro a brisa da paisagem ou da vida que se esvai
A ternura do laço cada vez mais forte e cada vez mais fraco
O verde
A mãe, o filho, quase a necessidade do reaninhar uterino
As poucas palavras a ganharem sentido no deserto do verde
A opressão da vastidão paisagística
A porta como saída ou entrada da vida , para a morte
O céu de chumbo, a ternura do gesto e do beijo
O sono e os breves momentos do acordar-medo de morrer
O sentido da vida e razões da morte
Os elos de um sangue
O céu ainda mais ameaçador-um homem e os caminhoas do seu destino
O ir e o ficar, aceitação de uma solidão para sempre, a tarefa a cumprir
Deus presente e ausente, o sonho ou a impossibilidade dele
A paragem, o gelo, a alma e a suspensão do tempo
A fresta de sol reconciliadora
O veleiro, barco de infância, ânsia de partida, da mãe
A impossibilidade de apanhar a morte
O não ver para ficar na dor de se ser só
As mãos como dádiva, como aconchego
A morte e o aprisionamento do voo da borboleta
A essência desse voo algures
A consciência do tempo da morte e do seu reencontro
Irremediavelmente sós na vida.
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