Assim, muitas vezes turmas que nos marcam inexplicavelmente, outras com explicações que seguem as explicações que nós queremos , ainda outras que são, mas que deixam de ser na voragem dos tempos. Gosto das que ficam, das que aninham na minha memória, no meu lado bom do coração, que não sei onde é, mas que está sempre a pedir meças ao menos bom.
Dos alunos, igual. Uns, estrelas cadentes, outros pequeninos sóis que vão preenchendo o térreo e imperfeito universo de que sou feito. Uns ficam muito mais do que outros, nesta contabilidade de afectos de que é feito muito o meu ser professor. Os porquês de assim serem as coisas, todos os professores que as sentem sabem do que falo. Os outros, os que se riem disto e que “gostam de todos por igual”, fazem-me lembrar aqueles alunos que de forma inteligente ,mas já calculista, escrevem na caderneta de cada professor de disciplina que a disciplina dele é uma das preferidas!
Claro que tive e tenho turmas que me enchem as medidas e outras nem tanto, claro que tenho e tive alunos que marcaram a minha profissão e o meu ser professor de forma indelével, muitos, de rebeldia e disrupção quanto baste, mas sou humano, que se há-de fazer!? Complexo de Pigmalião, dirão. Seja, mas hoje não me apetece abordagens psicanalíticas. Há colegas que adoram o “neutrex” relacional, mas respeitando, não uso dessa “lixívia” sentimental, pronto. Sou mesmo encardido de afectos, sem remissão do meu pecado.
Assim, de surpresa e despedida natalícia para uma turma de um nono ano que adorava, e tinha acompanhado desde o 7º , resolvo ler-lhes este simples texto. Felizes eles na minha felicidade. Pediram-mo para guardar para memória futura.
A vida de Professor pode ser feita de gestos relacionais tão simples e pequenos e do que vale a pena, verdadeiramente do que vale a pena, que por vezes admiro-me que outro lado mais obscuro, funcional e burocrático da profissão consiga em alguns colegas abafar, soterrar a essência primeira do ser Professor. Claro que dou aulas (detesto a expressão), mas claro que as recebo, outras, na mesma proporção. Repito mais uma vez, para raiva dos anti eduquês, e, apesar dos quase trinta anos de profissão, prefiro mil vezes o meu “burn in” profissional, do que os muito “burnout” a que vou tristemente assistindo. Sou um aproveitador da minha profissão? Ai não que não sou!
Sinfonia de Natal em A Maior para Orquestra de Afectos
Quando aparece um A, só me resta haver festa cá dentro
E sentir um Ah! de Alegria e deslumbramento!
Um A é um A seja que A for, mas será assim ?
Ah! ia-me esquecendo...A é A de Amizade, Amor, Afago,
Acalmia, Acalento, Acolhimento, Acreditar, Aconselhar,
Admiração, Acompanhamento...Afecto... e... Ah! que raiva,
Não me lembro de mais!
Mas há mais sobre o A! Há dias em que um A nos faz bem
À Alma ! Haver A, há muitos sem dúvida, mas A 9.º
este A de jovens Ah! e mais nenhum!
Há poucas turmas A assim tão...tão...tão...tão A, pois claro!
Na turma A, há Abundância de ternura, simpatia solidariedade,
Força - Alavanca de querer mover o Mundo, vontade de colocar
O A em todos os T de tristeza, os P de pobreza de espírito,
Os S de sacanice, os V de violência e isso é bom, e isso é bonito,
E isso deixa-me Feliz e Orgulhoso de ter uma turma A Assim tão
Ah! Tão ternuramente A que me faz acreditar que o Mundo no
Futuro pode ser dos A para assim ser um Mundo Ah!!
2 comentários:
"A é A de Amizade, Amor, Afago,
Acalmia, Acalento, Acolhimento, Acreditar, Aconselhar,
Admiração, Acompanhamento...Afecto... e... Ah! que raiva,
Não me lembro de mais!"
Lembra-se de mais, sim. Deixou-me no meu cantinho outro A: de Alegria. E pode crer que me fez bem (agradeci e respondi lá)
:))
Há. Às vezes, basta querer, crer, ver.
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