terça-feira, 25 de novembro de 2008

TAO


庄子 莊子


Chuang Tse, Chuang Tzu, Zhuāngzǐ


«Se um está certo enquanto o outro está errado, e o outro está certo enquanto um está errado, então o melhor a fazer é olhar para além do certo e do errado.»

(Op.cit., p.27.)

(Chuang Tse, Capítulos Interiores, trad. A.M.G. de Campos, Lisboa, Ed. Estampa, 1992, p.38.)

Emprestado do belíssimo "ematejoca"


O BARCO VAZIO

Quem dirige os outros, acaba confuso.
E quem se deixa dirigir, vive triste.
O ideal é não desejarmos influenciar os outros
Nem nos deixarmos influenciar por eles.
E viver com o Tao, na terra do grande Vazio.

Mesmo que tenha muito mau feitio,
um homem que atravessa um rio num barco
não se zanga se um barco vazio colidir com o seu.
Mas, se nesse barco estiver alguém,
Vai-lhe gritar que vire o leme.
E gritará outra vez se o grito não for ouvido
E começará a praguejar.

Porque há alguém dentro do barco.
Se o barco estivesse vazio,
Não gritaria nem ficaria zangado.

Se conseguirmos esvaziar o nosso barco,
Ao atravessar o rio do mundo,
Ninguém se nos oporá.
Ninguém nos tentará fazer mal.

7 comentários:

Sara Oliveira disse...

E o que seria de nós nesse barco vazio?!

Sara Oliveira disse...

E a tristeza, e a mágoa, a desilusão, o desencanto e as lágrimas? E o medo?

Sara Oliveira disse...

E a alegria, o sorriso, o abraço?
O mar e a serra da Arrábida?

Desculpe, eu sei que o meu blogue é outro, mas entusiasmei-me ...

Existente Instante disse...

Sara:
Pluralidade de tudo na unidade única de cada um. Agir sempre , não agindo,, como "o espaço vazio dentro de um vaso;
Mas, por mais que o enchamos, nunca ficará cheio.
É imensurável, como se fosse o Antepassado de todas as coisas". Cabe tudo o que disse e nada do que disse enche o que a Sara disse, nessa beleza extraordinária.
Talvez a essência do nós um seja a irremediável beleza da solidão do nosso eu, sempre cheios do nosso, dos nossos vazios.

Sara Oliveira disse...

Li várias vezes a sua resposta para apreender o seu sentido e tentar percebê-lo. Pensar no vazio de nós e na nossa solidão, não me agrada. Mas será por isso mesmo que andamos sempre à procura desses momentos que nos "enchem" esse vazio, por vezes, se não a maioria das vezes, de uma forma fugaz?
Li várias coisas suas,no Existente Instante, mais antigas no tempo, e deixei por lá, algumas mensagens. Alguns dos seus textos (palavras e sentidos) são muito belos. Parabéns pela forma como exprime os pensamentos e os sentimentos.

IC disse...

Nesta altura da vida, com tudo o que só uma vida já longa me permitiu aprender, acho que compreendo que para seguir o pensamento citado de Chuang Tse, só mesmo esvaziando o nosso barco. Mas acho que precisei de percorrer quase uma vida inteira para compreender o que diz: "Talvez a essência do nós um seja a irremediável beleza da solidão do nosso eu" (não sei se "cheios dos nossos vazios", ou se sem a sabedoria ou capacidade de nos esvaziarmos)
Fez-me bem lê-lo, caro Existente Instante.

Sara Oliveira disse...

Tenho estado atenta às novidades.
A Vida Suspensa convida-o a passar neste blogue de um mês de idade. Era altura de realçar a importância deste meio de comunicar. Passe por lá ...