Tinha prometido que não mais neste blogue a política, mas estou tão divertido que vou faltar à palavra.
A náusea mais profunda. O enjoo mais larvar. Esta campanha política tornada uma rábula, um excremento da verdadeira essência de uma certa forma de ser e estar na coisa pública e na política. E nem o Presidente da República (como me irrita aquele ar seráfico de garante de coisa nenhuma!), nem membros dessa classe corporativa (e ainda falam dos professores!) que se julga impoluta e acima do comum dos cidadãos, os jornalistas, escapam a chafurdar na lama, no esgoto fétido em que se tornou o merdelim da política nacional.
E nem chateado estou. Apenas sorridente, irónica e anarquicamente divertido. Acabei de me lembrar de uma crónica poética deliciosa de um enorme homem das letras brasileiras , Mário Quintana, a que chamou “Depravações do Gosto”:
“Empoleiro-me numa lanchonete. Peço iogurte.
— Iogurte limão?
— Não!
— Ah, tem iogurte morango.
— Mas não tem iogurte puro?
Pura é a inocência minha. Pois tudo o que preferem agora é com gosto de outra coisa e não da própria coisa. Peço uma mineral. Oferecem-me mineral limão, mineral laranja etc. Procuro uma barra de chocolate. Vejo que é "flavorizado", como lá diz no invólucro. É quase impossível hoje em dia encontrar chocolate com gosto de chocolate, iogurte com gosto de iogurte, ou uma democracia apenas democrática.“
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