A editora era a “Livros Horizonte”, a colecção, essa preciosa Biblioteca do Educador Profissional, Biblioteca do Educador a partir do nº 100. As obras ,muitas delas excelentes, de autores que me marcaram de forma indelével, fossem Arno Stern, para a arte infantil, W.D. Wall, para a adolescência, ou Rui Grácio e Bartolomeu Valente, para a “escola viva, de alunos em carne-viva”. Alguns livros mereciam reedição, e se existem, jazem apagados e tristes nos escaparates de alfarrabistas.
O livro, objecto das postagens “Leituras de Fim de Verão”, é raro de encontrar como já referi e, passou despercebido no meio de tanto livro de qualidade da dita colecção. Merecia sem dúvida reedição, por razões variadas nomeadamente, pela riqueza da escrita, pela multiplicidade de leituras que proporciona, pela reflexão-afeição-rejeição que pode proporcionar ao leitor, e mesmo pela raridade na bibliografia portuguesa da escrita docente autobiográfica, do contar-se interno do ser docente.
Malik, Leonor Arroio “OS CASTRADORES DO REINO”
E repito, por muito que isso custe à rotina, ninguém consegue ser um profissional em construção, sem se repensar, sem inflectir depois de reflectir, sem se revisitar no seu passado presente, como forma de se projectar em novas formas de ver, de sentir, de pensar e agir! Sem descurar lutas externas a poderes que nos querem sufocar, não arranjemos álibis, para a necessária luta interna, para grande pesquisa interior, para a luta sistémica e interrogativa com o nosso ser profissional. Se não o fizermos, Professores poderemos ser , mas daqueles que como dizia Malik, não sabem ao que vão, nem ao que querem, estando-se simples, mecânica e funcionalizadamente ao serviço de um sistema, de um “patrão” mais ou menos visível. E nem sequer digo que estes não sejam felizes, são-no, certamente, daquela felicidade alquímica “autista”- docente que transforma tudo no vulgar, na realidade comezinha, no “está-se bem , mesmo não estando”, ou seja, numa inconsciência profissional, que apenas fogachos fazem tremelicar. Com toda a sinceridade, e na minha opinião, uma das grandes tragédias dos Professores Portugueses, a aceitação, o deixar estar, o rejeitar sem pensar para depois aceitar lânguidamente, o fatalismo da canga, o esperar dos outros, sejam Sindicatos, Movimentos, blogues o que interiormente nem sequer conseguimos catapultar, precisamos de mobilização até para pensar, até para termos opinião, o acusarmos e etiquetarmos, sem ler, conhecer, criticar e apresentar alternativas.
Por isso caros amigos e parcos leitores, livre, sempre nessa continuada e por vezes dolorosa procura de quebra de grilhetas que me querem prender, solidário, até onde a solidariedade se entremeia com a minha liberdade, pacífico, até onde a minha inquietude permite, sempre a existir mos meus instantes, porque como escrevo no quadro aos meus “adolunos” “ quebrar, podem , torcer nunca!”, pegando no meu querido Sá de Miranda.
2 comentários:
Caro amigo, obrigado pela partilha e não me vou rogar a esforços para encontrar este livro. Continuas a ser um porto de abrigo para mim no que diz respeito a leituras que recomendas.
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Carpe diem!
Aliciantes promessas. Não li, mas sem dúvida que gostaria de ler.
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