terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Afinal o Que Fazer? II

Ainda de poderes de cúpula, ou órgãos de influência, reparem os caríssimos colegas, no majestático silêncio ensurdecedor do Conselho Nacional de Educação, porquê? Membros de grande sapiência, de grandes valores éticos e morais, acredito, mas, colegas, confessem lá: quantos nomes conhecem daquela lista quase telefónica? O que vos dizem determinados nomes? Estão a ponderar com a sisudez e reflexão que o momento aconselha, dir-me-ão alguns, pois mas o tempo não vai parando na inflexibilidade ministerial, esperando doutos pareceres.

E a responsabilidade do Conselho de Escolas? Quantas posições, agora e em força foram tomadas sobre estes assuntos? Muitas? Poucas? Ou Assim-Assim?

E mesmo os Conselhos Municipais de Educação, não têm palavra nenhuma a dizer? Às escondidinhas de olhos fechadinhos nas árvores?

Os Conselhos Executivos, quantos se demitiram ou o ameaçaram, ou pelo menos se reuniram por zona, numa solidariedade institucional, para uma tomada de posição de ter mais força conjunta do que o isolado, que não seria mais que suicídio. Para que servem os Teles, os sms, os mails, etc. etc. para comunicar sem comunicar, para isolar quando era preciso unir ? Mas não…outro silêncio, outros silêncios, muitas vezes sem coragem, apenas e só a do “encosto”, a do regaço quente do CP.

E nós, na minha opinião, poucos, nos blogues, nos encontros, nas berrarias, nos desabafos inconsequentes, de sala de professores, de cafés matinais ou outros, a julgar que sim, que vamos conseguir mobilizar, criar a tal onda, a tal insurreição generalizada, quando sabemos que não, e quando vier a ordem inapelável, directa ou pressionada telefonicamente sobre os CE, “faça-se!”, então iremos fazê-lo a espumar pela boca e chamaremos todos os nomes do universo aos ditos e teremos apoplexias e…tudo se consumará! Agora sejam honestos, quem será o colega martirizado, aquele que dirá não faço, se for cooptado para o fazer? Talvez aquele que sabe que o CE por tibieza o substituirá por outro colega, ou que tenha fontes de rendimento, ou seja empresário. Depois quero ver alguns generais, ou os porta - estandarte, quero ver quem são os Duarte de Almeida, “decepadinhos” de Toro! Deixemo-nos de tretas, se fazem o favor!

E quando for dada a ordem de parada: quatro Departamentos, os Conselhos Executivos vão fazer o quê? Criar mais um? Dormimos na forma? Não sabemos o que se pretende com a magia do embriagado quatro ? De uma ilegalidade jurídica gritante, achamos nós, mas acharão os conselheiros jurídicos do Sr. Presidente da República? Os tribunais, a que necessariamente se calhar até ninguém irá recorrer, pronunciar-se-ão a favor dos docentes? E que seja assim, com que rapidez, com que punição para o Estado? Não sabem já que uma portariazita, ou um despachozito, virá dar a volta ao texto, e por linhas travessas os quatro Departamentos? Irra é não ter memória!

E já agora, mesmo que consigamos a pequena vitória de Pirro, do adiamento, de alguns meses de todo o processo da avaliação de desempenho? Mais cuidadosos, mais livres, para reflectir onde deve ser o espaço de reflexão por excelência, a nossa escola, e da parca autonomia que temos, construir os nossos instrumentos de avaliação, sobre os despojos da grelharia que nos querem impor, ou vamos passando de mão-em-mão, ” lencinho àvoar” para ficar tudo igual, sem atender a especificidades, a mundos docentes, a climas de escola, para assim traçarmos o caminho onde nos vamos estatelar? Ou…pôr toda a gente a trabalhar em grupo, inclusive titulares que em algumas escolas, dedicam-se o negócio de velas de estearina, vulgo cera, que tiveram título de alguma passadeira , ou, o costume … 5, 10 desgraçados, entre eles os Coordenadores (alguns?) e depois se verá ! Corre mal, culpa desses imbecis, cobardes, energúmenos que fizeram estas grelhas, que actualizaram mal o RI e o PE, e por aí fora? Que digam o que disserem, mas à minha frente, Titular e Coordenador, na escola onde trabalho que não o façam, se fizerem especial favor, porque vou ficar mesmo chateado!

E mais… para quê mentirmos a nós próprios, ou pelos menos mistificarmos uma realidade mais que real, palpável, conhecida: se muitas escolas como a minha ainda esperam o “toque de caixa” da grelharia, da Comissão, etc,etc, se calhar muitas já têm tudo, ou quase tudo feito, principalmente os descritores de avaliação, não se iludam, caros colegas! Claro que o silêncio é de ouro e conta-se o que se quer, mas as conversas com colegas de várias escolas, não deixam lugar a dúvidas! Eu vou ali e já venho, até eles começarem a emailar de zip para zip! Ou talvez não, que a concorrência está na ordem do dia, e a selvajaria neo-liberal tem o seu peso! Eu dispenso! Passo!

E já agora um cenário possível: O ministério, num elan extraordinário que nem recorde mundial de Bubka, vai até ao fim desta semana, e princípios da próxima deitar cá para fora a torrente que faltava: Comissão, Grelhas e Complementares! Depois dá os dias de “atraso” e obriga-nos a trabalhar na célebre interrupção de serviço! Ou, em passo de corrida frente-marche no inicio do 3º Ah! Outro assunto que um futuro Ministério nos irá propor: “que tal ficarem sem Natal e Páscoa?” . Se estão aterrorizados, eu não, porque vou sabendo o País que vou sobrevivendo e os que dele politicamente se vão servindo. Mas vou-me calar, não vá alguém do ME ler este berloque e ficar com ideias, sem me pagar direitos de autor!

Assim: desesperançado? Nem por isso! Esta Reforma (re..quê) já o afirmei, está desde já perdida, por “parida” a fórceps! Vai sair problema pela certa, e resta-nos cerrar os dentes sem os partir, ou desgastar o esmalte, ou quando muito beliscarmo-nos até à nódoa negra para acreditar que isto é verdade! Mas é !

E pouco podemos fazer, vamos engolir a raiva, o azedume, uns, no desespero, no desinvestimento, na depressão, outros, e eu serei de certeza um deles, nas únicas saídas possíveis, e elas nunca mas nunca serão de berloques, ou de escritas mais ou menos elaboradas, mas sim um retraimento de mim, Expansão para Eles, a razão, não única, mas primogénita do meu ser Professor, um investimento cada vez mais activo na sala de aula, na relação pedagógica, na didáctica (pronto, alguns acharão isto trelharouco, mas também tenho direito a um bocadinho do bolo, ou não?) e não menos importante, na célula mais chegada, a minha escola, sobretudo os meus camaradas de Departamento, os Coordenadores que partilhem do sonho comum, nem que seja o de não quererem ficar descoordenados, na partilha de experiências, de materiais, de ideias, de humildades de não saber , que é sempre uma forma de saber, na solidariedade institucional e afectiva, no respeito, mais do que hierárquico, mútuo e útil. Pode haver outras ideias, esta é a minha! Não vai mudar nada, dirão, pois não, mas vai-me ajudando á minha procura constante de felicidade, o que não é barato, nem fácil, nem sequer dá milhões.

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