Olhava-a na sala de professores. Trinta e tal anos profundamente envelhecidos. Franzina e quase a desperceber-se. Olhos baixos em postura cabisbaixa num sofá de canto deslavado. Um abandono de gestos, de postura, de amor próprio. Ainda não um “farrapo”, mas amarfanhada quase a sê-lo. As marcas enegrecidas no rosto secas pelo tempo e vergonha, não deixavam esconder o óbvio. Por vezes chorava, amparada por uma ou outra colega. Olhava-a com profunda comoção.
Um dia no corredor, a adolescência de um nono ano, na sua sorridente, inevitável, dura e inapelável crueladade: - “Então Professora, outro acidente de automóvel?!”
Foi dos sumários mais silenciosos e longos que ele escreveu.
2 comentários:
Os paradoxos de hoje são os preconceitos de amanhã
Proust, Marcel
Não sei por quem me toma mas por quem quer que seja lhe digo que eu sou apenas eu e mais ninguém além de eu..alguém que vagueia..nada mais e que escuta o silêncio das almas penadas que incessantemente gritam na esperança de serem ouvidas por algúem..pode ser que neste instante uma dessas almas se liberte e se ouça o seu grito: Eu existo sou algo existente ....
Olhe caro silencioso...Rapidíssimo a sacar, mais do que Bill The Kid!
Como agora é moda blogosférica a poesia docente parola, à António Sardinha, rimada à Tony Carreira aí vai..pegando no seu último verso_
" Eu Existo sou algo existente...
Olha, quer ver que é meu parente?!
Não se amofine, (Gil Vicente)E se citou Proust, não deve ser má pessoa, mas será que ganhei mais um leitor do meu blogue?
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