segunda-feira, 13 de outubro de 2008

AFORISMOS 1

Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência, mas... qualquer coincidência pode ser pura realidade...


Olhava-a na sala de professores. Trinta e tal anos profundamente envelhecidos. Franzina e quase a desperceber-se. Olhos baixos em postura cabisbaixa num sofá de canto deslavado. Um abandono de gestos, de postura, de amor próprio. Ainda não um “farrapo”, mas amarfanhada quase a sê-lo. As marcas enegrecidas no rosto secas pelo tempo e vergonha, não deixavam esconder o óbvio. Por vezes chorava, amparada por uma ou outra colega. Olhava-a com profunda comoção.

Um dia no corredor, a adolescência de um nono ano, na sua sorridente, inevitável, dura e inapelável crueladade: - “Então Professora, outro acidente de automóvel?!”

Foi dos sumários mais silenciosos e longos que ele escreveu.


2 comentários:

Anônimo disse...

Os paradoxos de hoje são os preconceitos de amanhã
Proust, Marcel
Não sei por quem me toma mas por quem quer que seja lhe digo que eu sou apenas eu e mais ninguém além de eu..alguém que vagueia..nada mais e que escuta o silêncio das almas penadas que incessantemente gritam na esperança de serem ouvidas por algúem..pode ser que neste instante uma dessas almas se liberte e se ouça o seu grito: Eu existo sou algo existente ....

Existente Instante disse...

Olhe caro silencioso...Rapidíssimo a sacar, mais do que Bill The Kid!

Como agora é moda blogosférica a poesia docente parola, à António Sardinha, rimada à Tony Carreira aí vai..pegando no seu último verso_

" Eu Existo sou algo existente...
Olha, quer ver que é meu parente?!

Não se amofine, (Gil Vicente)E se citou Proust, não deve ser má pessoa, mas será que ganhei mais um leitor do meu blogue?