domingo, 19 de outubro de 2008

Cócegas...

Continua a luta pelo numerário de 8 ou 15 e o que tenho lido na blogosfera docente é aterrador : insultos baixos, notícias falsas, ataques cerrados, suspeitas sinistras, de tudo como na farmácia, e não raro, a um nível de (in) docência que raia a indigência intelectual e que jamais deveria ser apanágio da cultura e inteligência de professores. E não vale a pena fugir à realidade: existem dois grupos bem marcados: um histórico e sindical, o outro de convergências divergentes, que se quer assumir como porta voz de uma revolta legítima de milhares de docentes. Quem tem razão? Não sei nem me interessa. Claro, contra uma burocracia cada mais asfixiante, Uma ADD, caótica e moribunda, um sistema de gestão que se vai implementar ( estranho, estranhíssimo que nos blogues docentes, esta temática quase desapareceu como preocupação e objectivo de luta. Porquê caros colegas, vá,expliquem-me lá? Segundo plano porquê? Eu até imagino porquê! Vão ser colegas que se vão candidatar, "amiguismos", não fazer muitas ondas a "quem está que vai ser" e mais vale prevenir... hipocrisia refinada!) Uma coisa é certa, a formatação da minha cabeça, da minha opinião, ninguém a fará. Talvez pelas leituras dos últimos dias, me vá lembrando de um texto notável, de um grande escritor português ( não digo o nome, pronto, só para "chatear" o "Big". Aí vai:

"Não pertenço a nenhum grupo.

Gosto de ser livre para matar qualquer um


Se pertencer a um grupo não posso matar os elementos do

grupo.

Isto é das mais elementares regras do bom-senso


Não matar elementos do grupo.


Se isto acontecesse de certeza que me expulsavam


Seria um comportamento inaceitável.


No entanto, uma vez li uma história estranha.


Era um grupo a que só se podia pertencer se se matasse um

elemento desse mesmo grupo.

Por isso mesmo, o grupo mantinha sempre um número cons-

tante de elementos:

Por um que entrava um saía, ou melhor dizendo: um era

morto. Saía morto.

A verdade é que este grupo não teve muito futuro.


Percebe-se porquê, não é?


Quando começaram a morrer por velhice, não havia nin-

guém para entrar em substituição daquele que saía.

Só se Deus aceitasse entrar no grupo.


Mas Ele nunca foi destas coisas.


É demasiado individualista. Como eu."

3 comentários:

Anônimo disse...

O homem não pode manter-se humano a esta velocidade, se viver como um autómato será aniquilado. A serenidade, uma certa lentidão, é tão inseparável da vida do homem como a sucessão das estações é inseparável das plantas, ou do nascimento das crianças. Estamos no caminho mas não a caminhar, estamos num veículo sobre o qual nos movemos incessantemente, como uma grande jangada ou como essas cidades satélites que dizem que haverá. E ninguém anda a passo de homem, por acaso algum de nós caminha devagar? Mas a vertigem não está só no exterior, assimilá-mo-la na nossa mente que não pára de emitir imagens, como se também fizesse zapping; talvez a aceleração tenha chegado ao coração que já lateja num compasso de urgência para que tudo passe rapidamente e não permaneça. Este destino comum é a grande oportunidade, mas quem se atreve a saltar para fora? Já nem sequer sabemos rezar porque perdemos o silêncio e também o grito.

Na vertigem tudo é temível e desaparece o diálogo entre as pessoas. O que nos dizemos são mais números do que palavras, contém mais informação do que novidade. A perda do diálogo afoga o compromisso que nasce entre as pessoas e que pode fazer do próprio medo um dinamismo que o vença e que lhes outurgue uma maior liberdade. Mas o grave problema é que nesta civilização doente não há só exploração e miséria, mas também uma correlativa miséria espiritual. A grande maioria não quer a liberdade, teme-a. O medo é um sintoma do nosso tempo. A tal extremo que, se rasparmos um pouco a superfície, poderemos verificar o pânico que está subjacente nas pessoas que vivem sob a exigência do trabalho nas grandes cidades. A exigência é tal que se vive automaticamente sem que um sim ou um não tenha precedido os actos.

decubra de quem é..qaunto ao seu não estou a ver mas parece-me do V.F ou do M.Torga...recente não é..

Anônimo disse...

erro crasso afinal é o Manuel tavares recente..não conhecia...nem de longe..mas o excerto é bom..e a carreira promete..
Um abraço e homem vá aqualquer das manifs .viu hoje em França..tudo junto..interesses congregados ..aqui interesses instalados..E FALOU E BEM DA GESTÃO..E aí acredito que vão existir muitas panelinhAS E 600 CONTOS DE ORDENADO NÃO SENDO MUITO DÁ PARA CAIR EM TENTAÇÃO..AMEN..BOA SEMANA

Existente Instante disse...

Livrinho de capa vermelha ( não ,não é o do Mao) que guardo todo sublinhadinho " RESISTIR" do Sabato, evidentemente!